segunda-feira, 21 de julho de 2014

SEM RÓTULOS, POR FAVOR!




                      Que mania as pessoas têm de mal conhecerem alguém e já lhe afixarem um rótulo qualquer!
                      Desconhecem o pensamento, os hábitos ou as atitudes da criatura e já vão logo se referindo a ela como a careta, a genial, a certinha, a gorda, a magra, a politicamente correta, a complicada, a simpática, a isso ou aquilo.
                     Rotular é imobilizar, impedir qualquer possibilidade de transformação, uma lagarta que nunca será pupa e muito menos borboleta.
                     Os pais, sem se dar conta, cometem amiúde esse pecado, colocando enormes rótulos nos filhos; assim, Fulano é organizado, Beltrano bagunceiro, Sicrano estudioso e quantos filhos tiverem, quantos rótulos criarão.
                     Os leitores, vez por outra, são inclinados a taxar a literatura e, consequentemente, seus autores, com rótulos onde eles não cabem, espalhando assim uma falsa crítica, que pode até se adequar a uma ou outra obra, mas não abarca a produção toda.
                    Há casos ainda mais contundentes de gente rotulada apenas por sua aparência, correndo-se o risco de confundir timidez com antipatia, alegria com leviandade, sisudez com inteligência.
                    A aparência externa das pessoas suscita uma gama extensa de rótulos que, quase sempre, se transformam em apelidos, na mais das vezes pejorativos, difíceis de carregar pela vida. O moderno e prejudicial bullying tem sua origem nos rótulos atribuídos às pessoas por outras pouco sensatas.
                    Não gosto que me rotulem, não aspiro a consagrações que me enfaixem, dificultando meus voos. Sou filha de aviador, preciso de ar, liberdade e espaço para criar e viver.
                   Prefiro continuar camaleoa, adaptando-me às circunstâncias e às pessoas, circulando livremente em vários mundos, porque é disso que nasce a verdadeira escritura.
                  Como já disse – e bem! – Raul Seixas: “eu prefiro ser esta metamorfose ambulante do que ter aquele velha opinião formada sobre tudo!”









Um comentário:

Ana Luiza disse...

Ótima crônica, este costume que temos de rotular as pessoas é horroroso.