Mais um dia inventado nos últimos anos, para que sejamos acusados de
"esquecer" datas importantes.
Hoje,
dizem, é o Dia dos Avós, ou apenas da Vovó, sei lá! Pelo menos este dia tem uma
justificativa plausível, já que é dia de Sant'Ana, a avó do Menino Jesus.
Minha
mãe é uma avó sem comparação possível e eu acho que não sou das piores; mesmo
assim,raramente somos lembradas pelos netos neste dia, embora o sejamos em todos os outros, simplesmente porque
ninguém tem tempo de aprender datas
novas.
Meus
netinhos são muito pequenos para se darem conta sozinhos de tais eventos e eu,
confesso, estou pouco me importando com mais este apelo comercial.
Meu
interesse é apenas o de aproveitar a data para fazer o que mais gosto -
refletir. Pensar no que realmente consiste este papel inigualável que
nos é atribuído mais ou menos na metade da vida, ou no último terço dela.
Não gosto de frases feitas, ou de sentimentos rotulados. Cada um é e sente da
sua maneira e o resto é hipocrisia.
Sou apaixonada pelos mais novos integrantes da família e tenho um elo
fortíssimo com eles. A menina mais velha é quase filha, porque foi criada comigo, o menino da
mesma forma; apesar de termos um pouco menos de contato, nossa
relação é de afinidade total. E a pequerrucha já se faz mimosa, seguindo a vovó por todo canto.
Agora, o que é realmente ser avó?
Como tudo na vida, para cada um há de ser diferente, portanto só posso
descrever como é para mim.
Em primeiro lugar, ver estes bebês chegarem dá uma sensação de perenidade, de
eternidade.
Depois, procuramos a todo instante traços físicos, de personalidade e aptidões
que remetam ao nosso filho (ou filha) ou a outro membro da nossa família.
Ficamos enternecidos ao reconhecer naquele pedacinho de gente a infância dos
nossos filhos e custamos a aceitar (às vezes bem evidentes) características
pertencentes à outra família de onde nosso neto se originou.
Nossos filhos são absolutamente nossos. Nossos netos têm a metade do DNA de
outra família e isso muitas vezes não é simples de aceitar. Papai e mamãe são
únicos, vovô e vovó precisam ser diferenciados pelo nome, uma vez que as
crianças normalmente têm, no mínimo, dois casais de avós (atualmente bem mais
do que isso).
Ser avó também é ter um limite de participação futura, pois não são muitos os
avós que chegam a ver seus netos se formarem, casarem, terem seus próprios
filhos.
Enfim, aquela história de "mãe com açúcar, mãe duas vezes" tem um
pouco de folclore, pois, por mais que sejamos apaixonados por nossos netos, o
papel de mãe é muito forte, diria até insuperável para mim.
Além disso, como deseducar uma criança que convive diariamente conosco? Não dá
pra fazer todas as vontades, nem encher de balas antes do almoço, nem permitir
que brinque com os cristais.
Cada vez mais é reconhecida a importância do convívio dos netos com os avós e o aprendizado natural que brota do encontro de gerações, salpicado da paciência de quem já não luta pela sobrevivência e não vive de desafios e conquistas profissionais.
Amor de avó é como uma montanha de algodão doce: quente, macio, carinhoso. No entanto, os avós também demonstram muito amor educando, desenvolvendo, estimulando, orientando,
além, é claro, de muitos beijos, colos, brinquedos e abraços.
E não dá pra negar que é uma
música para os nossos ouvidos aquelas vozinhas pela casa:
- Vovó!
Um comentário:
Maria Luiza como sempre uma delícia de ler tuas crônicas. Meus netos são pré adolescentes e o mais novo vai completar 4 anos final do mes.O mais velho está cursando universidade, então posso dar opinião que vale muito ser avó presente.Sao companheiros, amigos , cada um com sua personalidade e muito educados, isto faz a diferença. Para nós avós presente é uma bênção.
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