sábado, 25 de junho de 2022

NENHUM VÍCIO É SAUDÁVEL.

  

A palavra vício tem origem no latim “vitium” e significa “falha ou defeito“. Para o dicionário Aurélio, a definição de vício é: tornar mau, pior, corrompido ou estragado; alterar para enganar; corromper-se, perverter-se, depravar-se. Já para a Organização Mundial da Saúde (OMS), o vício é uma doença física e psicoemocional.

Parece   que algumas pessoas têm mais inclinação para os vícios que outras.

Desde pequenos, uns bebês custam mais a se libertar da chupeta, outros da mamadeira, mais adiante de mascar chicletes e por aí vai. Claro que esses são vícios benignos, que não prejudicam mais do que entortar os dentes e podem ser abandonados com firmeza por parte dos pais.

Por outro lado, existem pessoas que, quando gostam de alguma coisa, não sabem mais viver sem ela. Até academia de ginástica pode viciar! Quem gosta de correr, corre também na chuva e é assim com o surf, o futebol e outros vícios que não prejudicam tanto, mas influem no comportamento das pessoas. Roer unhas, mexer no cabelo, piscar os olhos, sacudir a perna quando sentados, são tiques que se transformam em vícios se não controlados. Existem até vícios de linguagem! Gente que se acostuma a falar de certa maneira, mesmo sabendo que não é a forma correta, e já não consegue falar diferente.

Pessoas viciadas em trabalho não conseguem relaxar e aproveitar nenhum lazer, só pensando em trabalho, são os famosos “workaholic”, de difícil convivência.

O vício do cigarro, do álcool e das drogas são os mais nocivos, pois prejudicam a saúde, a convivência entre as pessoas, a família e o meio ambiente. O indivíduo perde o controle em atividades que lhe trazem prejuízos pessoais. Torna-se inábil em vários setores da vida, causando conflitos sociais, familiares, prejuízos à saúde e para o ambiente de trabalho.

Agora, com a evolução da tecnologia, cada vez mais pessoas estão se tornando dependentes dos computadores e celulares, na maioria das vezes para joguinhos eletrônicos. A desculpa que está “apenas jogando” parece tão inocente! E a vida passando lá fora? E a família? E os estudos? E as horas de sono? E a convivência com os amigos? A pessoa viciada em jogos, sejam eles físicos ou pelo computador, certamente perde uma grande parcela da vida, cria dependência, tem crises de ansiedade, ou depressão e precisa de uma interação entre a família e os médicos para tentar sair do buraco em que ela se foi colocando, às vezes sem sentir. Em resumo, alguns podem jogar esporadicamente e não ficarão viciados, outros se tornarão dependentes e precisarão ser ajudados. Já existe até uma doença catalogada com o nome em inglês -  Game Disorder - definida como um padrão de dependência causado pelos jogos eletrônicos, caracterizado pelo comportamento obsessivo em relação aos jogos, suprimindo qualquer outro interesse ou atividades que não sejam os games, prejudicando a saúde física e mental do portador do transtorno.

E o vício de comida? Quanto obesos mastigam sem sequer sentir o gosto do que estão comendo, apenas pelo vício de assistir TV mastigando alguma coisa, por exemplo. Ou bebendo durante o futebol.

Há quem seja viciado em apostas e invista grande parte do seu salário comprando bilhetes ou apostando em loterias várias. Bingos e máquina de caça níqueis já arruinaram muitas famílias.

Sabemos que existem pessoas viciadas em sexo também e isso não é nenhuma coisa a se admirar. Sexo sem qualidade, sem entrega, mecânico, não deve ser bom para ninguém.

Até em medicamentos há quem fique viciado! Se não tomam tal droga sentem vários sintomas, porque remédio também é droga, e acabam dependentes de alguns fármacos, sem uma necessidade real.

Por último, e não menos importante, podemos citar a dependência emocional, a insegurança no relacionamento, a inexistência de planos que não envolvam a outra pessoa. Uma tendência a dizer sim a tudo, por medo da rejeição, se colocando sempre em segundo plano, porque precisa ter a outra pessoa sempre por perto para alimentar a dependência.

Enfim, nenhum vício é bom, nem saudável. Melhor tentar ficar longe deles e se afastar de tudo o que tenta nos escravizar.


 

sábado, 18 de junho de 2022

MINHA MÃE, MINHA AMIGA, MINHA COMPANHEIRA

 

17 de Junho de 1919. Há 103 anos, nascia em Alegrete a filha dileta de Eduardo Vargas. A primogênita que nunca superou a morte prematura do pai, aos 64 anos, e teve nele sempre o melhor amigo, o protetor, o ídolo.

Dona Odith, a mãe, não conseguiu que ela trocasse os livros e as bonecas de pano pela modista ou pela culinária. Eram muito diferentes de temperamento, embora, na velhice, acabassem se parecendo bastante, pelo menos fisicamente.

Dona Conceição.... Um doce de mulher, que veio ao mundo para sorrir, ler muito, paparicar os netos e achar que todo mundo é bonzinho.

A companheira perfeita do Seu Ramos, durante mais de cinquenta anos. Ele era apaixonado por ela e lhe dava razão em todas as encrencas que, por desventura, ela tivesse com a mãe, com os filhos, ou com qualquer pessoa. Beijaram-se na boca até ele morrer, com 92 anos. E dormiam abraçadinhos.

O sorriso de dona Conceição misturou-se às lágrimas quando perdeu o pai querido, quase não sobreviveu ao perder o filho caçula, depois a mãe e o marido protetor. Mas os netos a reergueram com braços de abraços e bocas de beijos e ela voltou a sorrir.

A visão gastou nas letrinhas miúdas de leituras maravilhosas noite adentro; as pernas cansaram de tanto atravessar a cidade até o Instituto de Educação Oswaldo Aranha, todos os dias, onde foi Secretária por trinta e cinco anos, e os ruídos do mundo exigiram o reforço de um aparelho auditivo. Não foi simples para ela aceitar essas limitações, mas, mais uma vez, ela conseguiu!

Dona Conceição tomou as vacinas e passou a usar máscara ao sair de casa, protegendo-se da pandemia de Covid-19. Lamentou as visitas do neto médico que precisaram rarear e do filho e dos netos distantes. Seu consolo foi ter a filha e o neto do meio, com sua família, sempre presentes, sempre junto dela, sempre espalhando carinho e atenção.

Hoje seria mais um dia de festejar sua longa vida! De agradecer pela saúde e por todo amor que recebemos dela!

Sua lucidez fez com que ela fosse sempre a primeira a ler meus livros, com o auxílio de uma leitora; a primeira a saber de tudo que acontecia com cada um da família e a tentar entender o momento difícil que o Brasil e o mundo estavam enfrentando.

Dona Conceição viveu os últimos dezoito anos em Florianópolis, para poder contar com o apoio e a presença da filha, dos netos e dos bisnetos; aliás, as bisnetas foram sempre puro carinho com ela, que vivia com os braços cheios de bonecas para as brincadeiras; entretanto, parte da sua alma continuou lá na Mariz e Barros e nas ruas do seu, do nosso Alegrete.

Hoje eu queria, mais uma vez, te abraçar muito e te dar parabéns, mãezinha! Sou imensamente grata a Deus pelos quase 103 anos que viveste e por ter tido a chance de voltar a morar pertinho de ti, vendo-te todos os dias aqui com a gente, uma matriarca do bem e do amor imensurável por toda família.

Já estávamos combinando o cardápio da comemoração, quando, de um dia para outro, com a mudança de tempo veio a pneumonia e te levou de nós.

Não está nada fácil nos acostumarmos sem a tua presença, mesmo sabendo que, com tua alma bondosa, certamente foste recebida num bom lugar.

Até um dia mãe querida, se Deus permitir!


 

segunda-feira, 13 de junho de 2022

nAMORar

 

12 de junho – Dia dos Namorados.

No Brasil, o idealizador desse dia foi o empresário João Dória, que em 1949 formulou uma campanha publicitária que sugeria o dia 12 de junho como uma data para demonstrar o amor ao parceiro através de presentes. Dono da agência Standard Propaganda, ele foi contratado pela loja Exposição Clipper com o objetivo de melhorar o resultado das vendas em junho, que sempre eram muito fracas. O slogan de sua campanha, inclusive, era: "Não é só com beijos que se prova o amor".

Já nos Estados Unidos, o “Valentine’s day”, Dia de São Valentim, ou Dia dos Namorados é comemorado no dia 14 de fevereiro e remonta à história de um bispo, de nome Valentim, durante o século III. Ele lutou contra as ordens do imperador Cláudio II, que tinha proibido a realização de casamentos durante as guerras, acreditando que os solteiros seriam melhores combatentes e que se concentrariam mais facilmente na guerra e na vida militar. Contra a ordem do imperador, o bispo continuou com a celebração de matrimônios. Quando a prática foi descoberta, ele foi preso e condenado à morte. Enquanto preso, eram vários os jovens anônimos que, em demonstração de apoio e compaixão, lhe enviavam flores e bilhetes afirmando continuarem a acreditar no amor, explicando assim a troca de postais e cartas que se proliferou até a atualidade.

Não por acaso, a palavra AMOR está escondida em namorados e enamorados. A tônica do namoro deveria ser sempre o amor.

Hoje em dia, os namoros estão com sentido cada vez mais abrangente. As pessoas namoram todo mundo, os sexos se misturam e não adianta protestar. São os novos tempos. Se o amor estiver presente, tudo bem.

Flerte, namoro, noivado, casamento. Esse era o ritual da minha geração. Não é mais.

Hoje os jovens “ficam”, quer dizer, se abraçam, se beijam, trocam carícias e alguns até fazem sexo com alguém por quem se sintam atraídos, sem compromisso algum, às vezes até com mais de um na mesma festa.

Como não sou adepta de polarizações, vou evitar a famosa frase “no meu tempo era melhor”, até porque a gente gostaria de ter tido um pouco mais de liberdade. Casar virgem depois de anos de namoro regado a hormônios não era tarefa fácil.

A ação de “namorar” tem certa amplitude. A gente namora pessoas, bebês rechonchudos, frutas maduras, roupas na vitrine, modelos nas revistas, animais fofinhos, velhinhos sábios, viagens fantásticas, refeições caprichadas, enfim, nossa vida é um eterno namorar.

Hoje, muitos casais jantarão fora, irão a motéis, trocarão presentes. Tomara que o sentimento esteja realmente presente nessas comemorações e que elas não aconteçam apenas para fotografar e postar nas redes sociais.

Parabéns aos casais que se amam, se compreendem, se respeitam e seguem de mãos dadas pela vida.

Feliz Dia dos Namorados! E que Deus os conserve assim!


 

 

 

 

 

quinta-feira, 2 de junho de 2022

O TEMPO É RELATIVO.

 

Todos morreremos. Isso é fato.

Mesmo assim, preferimos viver como se fôssemos eternos.

A vida é muita para quem sofre ou não gosta dela. A vida é pouca para quem significa muito para muitos e aprecia cada dia que nasce.

Cada pessoa, cada família tem histórias de conquistas e perdas, de triunfos e derrotas, de chegadas e partidas. Na minha família não foi diferente. Tivemos grandes perdas, algumas bem trágicas, e muitas chegadas lindas, com cheirinho de bebê.

Apesar dos homens valorosos da família, o destaque maior sempre ficou com as mulheres, verdadeiras matriarcas, sempre reunindo todo mundo em sua volta e protegendo cada um, distribuindo afeto e sorrisos aos borbotões para todos.

Com exceção das partidas prematuras e trágicas, nossa família tem uma história de longevidade e lucidez que faz os jovens terem esperança. Nossos velhos duram bastante e permanecem lúcidos até o fim. Isso faz com que a gente até esqueça da idade que eles têm, das limitações naturais do corpo e não queira perdê-los.

Há dez dias perdemos nossa estrela guia, minha mãe, que do alto dos seus quase 103 anos (faltava um mês para completar) conseguiu tatuar seu amor no coração de cada um, deixando uma saudade imensa e uma falta difícil de ser preenchida.

Dona Conceição semeou amigos e admiradores à mão cheia pela vida, conservando os da sua terra natal e acrescentando os novos, de sua nova morada, além dos amigos de seus filhos, de seus netos e até dos bisnetos.

Com ela descobri a magia da leitura, o prazer de ler, que acabou se transformando também no prazer de escrever livros, muitos deles dedicados a ela, que fazia questão de ser a primeira a conhecer os enredos e a opinar sobre eles.

Meu irmão Tibério seguiu pelo mesmo caminho, tornando-se um leitor voraz e também escritor. Aos nossos pais devemos muito do amor que temos pelos livros, pois eram nossos exemplos, além de possuírem uma farta biblioteca e conversarem bastante sobre as leituras. Lembro que, quando meu pai perdeu a visão, eu já não sabia o que dar de presente a ele, que adorava receber livros.

Num tempo em que eram raras a mulheres que trabalhavam fora de casa, Dona Conceição já lecionava e depois foi Secretária geral da maior escola da cidade, o Instituto de Educação Oswaldo Aranha, por 35 anos, num tempo de fazer médias à mão e depois naquelas calculadoras de manivela.

Nunca vi minha mãe cozinhando, ou lavando roupa, no entanto, participei de muitas formaturas onde ela lia o nome dos formandos, entregava os diplomas e preparava a Ata. Sempre com um livro na mão, ouvindo novelas no rádio e namorando seu Ramos, meu pai, até o fim, com uma cumplicidade invejável. Quando ele perdeu a visão, ela lia todos os jornais para ele. Quando ela não conseguiu mais ler, contratei a Luiza para ler para ela.

Dona Conceição foi, sem sombra de dúvida, a melhor avó do mundo e, não por acaso, seus netos choram inconsoláveis com sua partida.

A melhor bisavó dessa mulheradinha que nasceu, brincando de bonecas com todas, criando histórias, fazendo casamentos. Isso depois de brincar muito de carrinho com o único varão.

Agora ela se foi. E deixou um vazio muito difícil de preencher. Os anos passados, as limitações, tudo isso explica, mas não consola.

Bom mesmo seria saber que ela encontrou seus amados lá em outro plano e que está bem, fazendo amigos, achado todo mundo bonzinho, distribuindo sorrisos, como sempre fez.

Oxalá!


 

A MELHOR RELIGIÃO

 

Pois é, neste ano tivemos Carnaval em abril. Na verdade, nem deveríamos ter, pois a pandemia está apenas adormecida e, depois das aglomerações, deve estar até se espreguiçando para voltar a atacar. Mas a verdade é que houve e parece que tão ou mais concorrido que o dos anos anteriores.

Não sou contra, adorava Carnaval de salão e gosto de assistir na TV até sentir sono. As Comissões de frente, passistas e baianas são as alas que mais me empolgam. Não sou muito fã dos carros alegóricos, ainda que admire o trabalho e a arquitetura deles. Anos atrás, assistia também ao concurso de fantasias e até alguns bailes famosos, que nunca mais encontrei na programação da televisão.

Neste ano, a vencedora do carnaval do Rio de janeiro foi a grande Rio, cuja enredo era “Fala, Majeté! As Sete chaves de Exu! ”.  Exu, segundo explicaram, é uma divindade presente nas religiões de matriz africana, sendo ele que faz a ponte entre os humanos e os orixás. Disseram que "Exu é quem abre os caminhos da gente, é quem traz a prosperidade, quem traz a fartura para a sua casa. Todo mundo cultua Exu na África pois Exu é um guardião de todos os orixás. Ele é o guardião da gente".

Bem, para mim que gosto do vermelho, achei tudo lindo. Só isso.

Estamos no século XXI. Nosso país, sob o manto cristão, sempre cultuou e praticou o espiritismo e as religiões de matriz africanas, como o candomblé e a umbanda. Proliferam também evangélicos das mais diversas igrejas no país. Acho isso positivo! Cada um sabe o que o consola e o que lhe dá forças para viver e resistir.

Sou católica, meu marido é espírita e a família da minha mãe era toda metodista. Sem nenhum atrito.

Infelizmente, em nosso tempo parece que há um retrocesso em algumas partes. Parece que toda flexibilidade e modernidade gera ódio e isso é muito ruim.

O Papa Francisco, por exemplo, mesmo procurando adequar o Vaticano aos problemas reais da humanidade, é execrado por muitos, por coisas menores. Enfrentou o clero na questão da pedofilia, deu um suporte incrível nos piores momentos da pandemia e agora tenta mediar a guerra na Ucrânia, mesmo sem conseguir muita coisa até agora.

Nossos problemas reais são a fome, o desemprego, o feminicídio, a pedofilia, os assaltos, as drogas, a corrupção, as injustiças sociais, a falta de saneamento, a poluição, a destruição do meio ambiente, o preço do gás de cozinha e dos combustíveis, o desvio de verbas e o mau uso dos nossos impostos.

Precisamos ter Fé, nunca é demais rezar, embora outras providências devam também ser tomadas.

Todas as religiões são boas, se nos transformam em pessoas melhores, mais tolerantes, mais solidárias, mais humanas.

Porque, sem dúvida alguma, a melhor religião ainda é o AMOR.


 

terça-feira, 17 de maio de 2022

NOVOS TEMPOS

 

Já fui chamada de saudosista e, de certa forma, não deixo de ser. Tive uma infância livre, numa casa enorme, com um quintal maior ainda e muitos amigos na mesma rua. No meu primeiro romance – “Debaixo dos laranjais” – há um bom relato desse tempo e dos anos dourados da minha adolescência. Não é um livro autobiográfico, mas a trajetória de toda uma geração na nossa terrinha (à venda na Martini Papelaria).

Neste ano completo 70 anos e teria, portanto, justificativa para apenas criticar tudo o que há hoje em dia e viver repetindo que “no meu tempo era melhor”.

Acontece que tenho netos adolescentes e gosto muito de conversar com eles. Eles confiam em mim, desabafam, falam sobre suas dúvidas e se queixam, às vezes, da incompreensão dos mais velhos.

Muita coisa mudou no mundo e nem sempre para melhor. Hoje as crianças têm menos liberdade e os jovens precisam se cercar de cuidados até para andar na rua, ou frequentar as suas festinhas. Comem mal, se entopem de fast foods e refrigerantes, gastam os olhos nas telas, leem pouco, dormem pouco (ou demais) e seguem influenciadores digitais com valores, no mínimo, questionáveis.

Por outro lado, possuem uma consciência sólida da necessidade de conservação do planeta, são absolutamente contrários a todo tipo de preconceitos, são bem mais tolerantes com as diferenças e as formas de pensar alheias e, por isso mesmo, vivem cheios de dúvidas e questionamentos.

Hoje, muitos jovens fazem terapia, tomam remédios, por conta da segregação compulsória da pandemia e pelos atritos familiares subsequentes.

Talvez por ter seis netos, ou por ter lecionado adolescentes por muitos anos, eu sou fã dessa gente de pele lisinha, olhos curiosos e abraços perfumados. Entendo suas dúvidas, gosto de ouvi-los e procuro ajudar sem impor, apenas ajudando a corrigir o rumo desse barco veloz que eles pilotam.

Hoje minha neta Bruna está completando 14 anos! Minha Piccolina, que ajudei a criar, uma neta/filha que continua adorando ficar na minha casa, com meus paparicos de avó e nossas longas conversas.

Gosto de vê-la defendendo suas ideias, argumentando, explicando seus pontos de vista. Nesses momentos, eu a vejo numa tribuna e acho que ela seria ótima nisso. Só que sua inclinação maior é para as artes e é por aí que ela pretende seguir. Bruna bailarina, Bruna teatral, hoje é ela quem me auxilia com os entraves desse mundo virtual e também corrige a minha maquilagem.

Seria bom se os mais velhos se esforçassem um pouco mais para compreender os jovens, ao invés de só criticá-los.

Sei que não está fácil educar filhos hoje em dia, com o mundo entrando no quarto deles com tudo de bom e também de ruim que existe.

Mas perseverem! Amem seus filhos e procurem compreendê-los. É claro que “no nosso tempo não era assim”, porque os pais nem dialogavam muito, apenas davam ordens a serem cumpridas. Mas hoje isso não tem mais espaço, o horizonte da meninada se expandiu e eles não aceitam mais imposições que não sejam justificadas.

Para tudo existe aquela solução infalível – o AMOR.

Parabéns Bruna querida! Felicidades sempre!


 

domingo, 8 de maio de 2022

SEM AÇÚCAR, COM AFETO.

  

Mais uma vez, é Dia das Mães.

Agradeço a Deus por poder abraçar minha mãe e ser abraçada por meus filhos.

Nesse mundo tão desigual, até mesmo o papel consagrado das mães está mutável. Hoje sabemos que nem todas as mães são boas, nem todas são amorosas, nem todas merecem ser cantadas em verso e prosa e amadas mais do que tudo.

Com bastante ajuda e dinheiro no banco fica mais fácil ser uma boa mãe. Já com muitos filhos, ninguém para dividir e ainda passando necessidade... nem Buda teria paciência!

Como nem sempre a vida é justa, algumas mulheres, com uma estrutura montada e muito amor guardado, tentam ser mães a vida toda e não conseguem. Enquanto isso, outras engravidam a cada transa e depois os pais desaparecem deixando a barriga para trás.

As famílias mudaram – ainda bem! – e hoje os pais dividem quase todas as tarefas e os cuidados com os filhos com as mães. Existem até pais que criam seus filhos sozinhos. Dois pais também podem criar uma criança, às vezes até melhor que muitos casais. Duas mães também. E as famílias vão se diversificando, porque o mundo vai mudando, a sociedade se transforma e os valores vão sendo substituídos por quem ainda tem muita vida pela frente. Assim como o tempo dos nossos avós foi diferente do nosso, o tempo dos nossos netos não deverá ser igual ao que a gente viveu.

O papel da mãe sempre foi o de amar, cuidar, compreender, consolar, ajudar. Por isso, talvez, as mães tenham sido sempre tão endeusadas. Só que as novas mães trabalham tanto quanto os pais, matam um leão por dia no mercado de trabalho e também chegam em casa exaustas, tensas, precisando relaxar. Quando os filhos querem e precisam de atenção, de paciência, de carinho, nem sempre conseguem. E aí é que entra a divisão de tarefas e a necessidade de os pais participarem mais.

Como tudo na vida, existem muitos tipos de mães. Até mães que abandonam, machucam e até matam os próprios filhos. A essas nem quero me referir, pois não merecem nem mesmo serem chamadas de mães.

Hoje quero homenagear aquelas mães que amam seus filhos acima de tudo, aquelas com quem os filhos podem sempre contar, em qualquer situação.

Aproveito para abraçar muito minha mãe querida, dona Conceição, com quase 103 anos, aglutinando a família ao seu redor e distribuindo afeto a todos. Mãe - sorriso, mãe - ternura, mãe - compreensão, mãe - tolerância, mãe - bondade.

Cumprimento com carinho as mães dos meus netos e a todas as minhas amigas e leitoras que são mães.

Uma prece especial às mães doentes, aos filhos que perderam suas mães e às mães que perderam seus filhos. Não há dor maior!

Que a mãe do Salvador olhe por todas as mães, ajude-as a suportar e vencer as dificuldades da vida e que os filhos nunca abandonem quem lhes deu a vida e certamente seus melhores anos na sua criação.

Feliz Dia das Mães!