Aproveitando que a pandemia deu uma trégua, com os números de casos e de óbitos finalmente caindo no país, vou me permitir sonhar um pouco e esquecer as consultas médicas, os exames, os remédios e tudo o que foi adiado e agora estão querendo me cobrar pelo atraso.
Vou contar uma coisa a vocês: mantive até agora uma sacola com tudo o que eu poderia precisar, caso fosse hospitalizada com Covid. Não queria ficar sem meus cremes, ou as lingeries adequadas, além de produtos de higiene pessoal. Na verdade, ainda não tive coragem suficiente para desarrumar a sacola, mesmo depois das duas doses da abençoada vacina. Deixei a sacola lá guardadinha, rezando para não precisar usar.
No auge da pandemia, quando a gente tinha medo de tudo e de todos, escrevi três romances, um livro infantil e outro de crônicas, que ainda não finalizei. Foi o que me manteve razoavelmente equilibrada, pelo menos até a família de um filho pegar Covid e daí eu ter precisado apelar para os antidepressivos, florais e etc.
Além disso, li muito! Mais do que costumava ler. E continuo lendo. Os livros é que me fornecem combustível para voltar a sonhar.
Às vezes, eu queria ter nascido em Paris, em outras numa alegre vila italiana, numa florida Portugal ou ainda numa linda fazenda nos Estados Unidos. Aliás, uma fazenda cheia de cavalos, árvores e campos no Brasil também me faria feliz.
Nunca sonhei com mansões luxuosas, closets abarrotados, pratarias; no entanto, talvez por ter sido criada numa casa grande, gosto de peças amplas, com espaço para o piano, para a estante abarrotada de livros, para a cristaleira com os troféus literários, as louças e os incontáveis porta-retratos. Além disso, para mim, uma casa precisaria ter uma boa lareira e uma cozinha bem equipada, com tudo à mão, sem precisar subir em escadas para alcançar os armários.
Voltei a sonhar com viagens. Gosto tanto de conhecer lugares novos, a história de cada um deles, enfim, viajar sempre foi meu lazer favorito.
Já começo a antever o reencontro com os amigos, as conversas leves, as risadas, as lembranças, enfim, tudo aquilo que dava sabor aos nossos dias e de que fomos privados por tanto tempo. Nem ao menos o sorriso deles podemos enxergar, pois continuamos mascarados e distantes.
Ah, esqueci que eu também queria ter uma linda cabeleira lisa e farta, usar manequim 42 e ter olhos grandes, de preferência azuis ou verdes. Brincadeira! Isso nunca foi importante para mim.
Mas sonhar não custa nada e nos deixa mais leves e mais contentes. Sonhe!
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