Quantos anos tem a tecnologia, os computadores, celulares e congêneres? Bem, meu pai comprou a primeira TV para a Copa do Mundo de 1970, eu já tinha dezessete anos. O fogão a gás lá de casa deve ter sido um dos últimos a ser adquirido em Alegrete, ainda sob protestos da cozinheira Constância, que não entendia e detestava aquele ser branco e pequeno, postado diante do seu monumental fogão a lenha, até com caldeira para esquentar a água do chuveiro. O primeiro computador chegou na minha casa quando meus filhos já estavam quase ingressando na Universidade e meu primeiro telefone celular pesava como um tijolo e não permitia que eu me despedisse das pessoas nas ligações, porque a bateria acabava várias vezes ao dia.
Meu aprendizado no computador foi feito através dos meus filhos, com uma paciência invejável, tipo “te vira”, “descobre”, “isso não foi feito para gênio”, “eu já te ensinei” e outras recriminações menos poéticas, quando eu não encontrava alguma coisa ou apagava um texto inteiro sem salvar e ia me queixar para eles.
Hoje, até que me viro bem e só não aprendo mais coisas porque meu interesse nessas tecnologias é limitado, bastando o Word e as redes sociais. Nada substitui um bom livro para mim!
Agora, meus netos dominam tudo! Bruna faz fotos, filmes, montagens como uma designer, Lucas joga com meio mundo no computador e as pequenas já tiveram um ano de aulas on-line e também sabem tudo do aparelho celular dos pais. Mariana, com dois anos apenas, sabe pular os anúncios que aparecem no meio dos vídeos do YouTube e escolhe o filme que quer ver passando seus dedinhos minúsculos com destreza pela tela. Para essa geração, a tecnologia não tem segredos e eles descobrem cada vez mais coisas e mais recursos.
Pois bem. E a cultura, onde fica?
Deveriam caminhar juntas - a tecnologia e a cultura! Entretanto, não é o que acontece.
Dia desses, assisti um comercial de uma mocinha que acabou de sair do BBB, uma YouTuber com milhões de seguidores, onde ela atribuía um quadro de Romero Brito a Picasso! Santo Deus! Estilos completamente diferentes, de épocas distintas, enfim, um absurdo! E o que mais me preocupa é saber que milhões de jovens estão seguindo essas cabeças vazias dizendo bobagens e nem se dão conta, pois eles também não sabem nada.
Sei que vivemos tempos muito sofridos e que muita gente, confinada, está assistindo esses reality até como forma de desviar o foco da pandemia, rir um pouco, enfim, um pouco de leveza numa programação pesada nas TVs. Não vou emitir nenhum juízo de valor sobre o programa, até porque penso que cada um faz do seu lazer o que bem entende, só atento ao fato de que a juventude, hábil nas tecnologias, está muito ignorante na parte cultural, porque as redes sociais são pobres em cultura de modo geral, quando poderiam contribuir bem mais para o conhecimento do povo, principalmente dos jovens, que estão desaprendendo até mesmo a língua mãe, uma vez que escrevem com abreviações erradas as palavras.
Um bom livro certamente amenizaria o problema!
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