domingo, 4 de julho de 2010

SAUDOSISMO MATUTINO

              Enquanto preparávamos as frutas para o café da manhã, eu e Paulo conversávamos sobre os cafés da nossa infância e da infância dos nossos filhos também.
               Hoje, não se concebe um desjejum sem uma frutinha, um queijo, uma geléia, além do café com leite e do pão com manteiga de todos os dias.
               Nossos filhos já são da "geração Nescau ou Toddy", bebido em pé, correndo para as aulas. Quando muito um Sucrilho ou descer as escadas, sempre atrasados, com uma maçã na mão para comer no caminho. Depois os iogurtes chegaram para ajudar na nutrição deles.
              Já no nosso tempo era só o pão com manteiga, às vezes mel também e o café com leite mesmo. Quando estava atrasada, meu pai esfriava a bebida para mim, despejando de uma xícara para outra, pois o leite precisava ser bem fervido e demorava um pouco a esfriar. Passava manteiga (dura!) no pão e enrolava num pedaço de papel do pão mesmo para eu comer praça afora , em direção ao "Oswaldo Aranha". Como ele levantava cedo para matear solito, como gostava, era sempre ele que atendia os filhos que estudavam de manhã. Minha mãe sempre ficava um pouquinho mais na cama.
               Íamos a pé para a escola, à tarde voltávamos a pé para as aulas de Educação Física. Era a pé que eu ia para as aulas de piano e também para as de balé. Quando inventei de dar aulas no Presídio, ia também a pé até lá, nas ruas enlameadas e sem ganhar um centavo, só idealismo mesmo.
                Meu pai tinha avião, mas não tinha carro. Dizia que Alegrete era uma cidade pequena e que não precisávamos de carro para nada. Usava a camionete do Aero Clube exclusivamente para ir e voltar do ACA e podia chover canivete que ele não nos dava carona nela, pois pertencia a um órgão público, embora na maioria das vezes tivesse que colocar gasolina nela do próprio bolso. Ah seu Ramos, aqueles homens fazem muita falta em nossos dias!
                 Sem carro, sem maionese, catchup, Mac Donald, pizzas , delivery, carro na porta e outras tantas comodidades era muito mais fácil ficar elegante, com pernas fortes e cintura fina.
                  Portanto, nem tudo é melhor hoje e o saudosismo que às vezes nos acomete tem o sabor de quem já provou a vida de outra forma e pode comparar.
                  Concorda?

Um comentário:

Rosana a Rô disse...

Você me fez recordar do meu gostoso e simples café da manhã preparado com tanto carinho por minha mãe.
Tempo bom aquele de esfriar o café ou achocolatado passando de uma xícara para outra, adorava isso tudo.
Boas lembranças.
Bjs..