Diz-se da orfandade que ela acontece quando se perde o pai e a mãe. Infelizmente, essa tragédia vem acontecendo para muita gente nessa pandemia. Na maior parte dos casos, são os pais idosos que deixam filhos, netos e até bisnetos. O sentimento de orfandade dos filhos é doloroso, porque jamais nos preparamos para perder nossos pais.
Agora, mais trágico ainda é quando são crianças que ficam sem seus progenitores, sem as pessoas que iriam protegê-las e encaminhá-las na vida. A falta de um deles já causa um vazio enorme, quando morrem os dois os pequenos perdem quase tudo, inclusive a casa da família, sendo obrigados a se abrigar com outros parentes e ainda guardando aquela saudade que só os filhos sabem o quanto dói. E não são só as crianças, os adolescentes se desestruturam até mais. O que dizer dos bebês que nem chegam a conhecer sua mãe, e são tantos!
A humanidade não se preparou para isso. Nunca abordaram essa possibilidade nas escolas e nem mesmo nas terapias aconteceu um lastro suficiente para suportar tanta dor.
Diariamente recebemos notícias de amigos que se foram, de parentes que se infectaram (e rezamos sem parar para que se recuperem), de gente boa, produtiva, com muitos anos pela frente que, de repente, foi vitimada por esse vírus cruel. É quase uma roleta russa, ninguém sabe quem será o próximo e a vida adquiriu um caráter temporário nunca sentido antes.
É muito cedo para tirarmos conclusões. Alguns países já começam a respirar, com o povo quase todo vacinado e os hospitais esvaziando. Aqui não. Somos pobres e demoramos muito para tomar as iniciativas necessárias a fim de tratar a população de um país com dimensões continentais. Para nós, tudo teria que ser ainda maior, antecipado, triplicado. E não foi. Então, só nos resta continuar apelando para os santos, para Deus e seguindo os protocolos até que chegue a nossa vez de sermos imunizados.
Um olhar piedoso, uma mão estendida, uma prece pelos órfãos da pandemia. Mais do que tudo, eles vão precisar de solidariedade, de apoio, de afeto. Nem sempre quem os acolhe tem estrutura e recursos suficientes para abrigá-los. Os Governos precisam comprar vacinas, insumos, leitos e talvez demorem a olhar para eles. Cabe a nós ajudar, apoiar, consolar.
Não é hora para disputas políticas, afrontas, aglomerações. Vivemos o pior momento da pandemia e precisamos do comprometimento e da união de todos para enfrentá-lo.
Profissionais da Saúde não podem ser mártires! Eles estudaram para salvar vidas, para cuidar de doentes e não para viverem numa estafa cruel, física e emocional, enquanto alguns seguem desobedecendo, burlando a vigilância, se contaminando e contaminando outras pessoas. Quantos já morreram! Quantos filhos de médicos, enfermeiros, técnicos, fisioterapeutas e todos que trabalham nos hospitais ficaram órfãos também!
Vamos nos cuidar mais, vamos cuidar agora do que é essencial – da VIDA!
O resto fica para depois.
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