Chovendo no molhado, mas tentando um diferencial neste
texto. Falar em isolamento, quarentena, máscara em tempos de pandemia já virou
lugar comum. Entretanto, somos diferentes e nem uma situação caótica dessas
consegue nos uniformizar.
Tem comportamentos que já se tornaram padrão, ou deveriam
se tornar, como higienizar as mãos, tirar os sapatos, usar máscara e passar
álcool em tudo. Afastar-se de todos também. Quem sabe até da nossa imagem no
espelho. Imagem essa que a cada dia fica mais sem graça, mais tristonha, mais
desenxabida.
Numa quarentena as
diferenças aumentam, gritam, se chocam ou se harmonizam, dependendo do contexto
e da natureza das pessoas. Mas é tudo exacerbado. Uns rezam demais, outros
escrevem demais, há os que comem demais, reclamam demais, choram demais.
Tem gente que passa o dia assistindo filme, ou “lives”. Há
os que enlouquecem a família de tanta chamada de vídeo. Os que acreditam em
todas as receitas da internet e se entopem de vitaminas e comidas estranhas.
Pior de tudo é acrescentar à crise sanitária uma crise
econômica fenomenal e uma crise política desnecessária. E ver amigos e famílias
ainda brigando por seus ídolos, mesmo num momento desses, onde as energias e os
afetos deveriam ser resguardados, pois precisamos de todos.
Admiro as pessoas que ficam fazendo cursos de tudo quanto é
coisa pela internet, ou seguindo as aulas de ginástica até suar. Determinadas a
não deixar a peteca cair mesmo. Também quem se fechou a sete chaves e não sai,
nem recebe ninguém em casa até o perigo passar. E já faz quatro meses, sem data
para terminar. Um ano de suas vidas perdido, como o ano escolar de milhares de
estudantes.
Um vírus democrático que não escolhe raça, nem situação
econômica, nem mesmo idade. Facilitou, pegou. A consequência é que ainda
surpreende os médicos, pois cada organismo luta com as armas que tem e às vezes
gente extremamente idosa se salva, enquanto jovens saudáveis não resistem.
A pergunta que poucos se fazem e menos ainda respondem é: -
você tem medo de morrer?
Nessa quarentena cada um fez o que teve vontade, quase sem
rotina e completamente sem motivação. Os que fizeram diferente é que foram
exceção.
Ninguém estava preparado, nem mesmo a ciência. E agora
começamos a cansar, passou aquele estranhamento inicial e a rotina se tornou
monótona, sem perspectiva.
Bem-aventurados os que estão achando lindo assistir filmes
e shows no drive-in, os que se distraem sozinhos em casa, os que lidam bem com
a saudade dos familiares e amigos, os que não reclamam de ver sonhos planos e
desfeitos e, sobretudo, os que acreditam realmente que TUDO VAI PASSAR!
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