terça-feira, 14 de julho de 2020

A QUARENTENA DE CADA UM



               Chovendo no molhado, mas tentando um diferencial neste texto. Falar em isolamento, quarentena, máscara em tempos de pandemia já virou lugar comum. Entretanto, somos diferentes e nem uma situação caótica dessas consegue nos uniformizar.
              Tem comportamentos que já se tornaram padrão, ou deveriam se tornar, como higienizar as mãos, tirar os sapatos, usar máscara e passar álcool em tudo. Afastar-se de todos também. Quem sabe até da nossa imagem no espelho. Imagem essa que a cada dia fica mais sem graça, mais tristonha, mais desenxabida.
              Numa quarentena as diferenças aumentam, gritam, se chocam ou se harmonizam, dependendo do contexto e da natureza das pessoas. Mas é tudo exacerbado. Uns rezam demais, outros escrevem demais, há os que comem demais, reclamam demais, choram demais.
             Tem gente que passa o dia assistindo filme, ou “lives”. Há os que enlouquecem a família de tanta chamada de vídeo. Os que acreditam em todas as receitas da internet e se entopem de vitaminas e comidas estranhas.
              Pior de tudo é acrescentar à crise sanitária uma crise econômica fenomenal e uma crise política desnecessária. E ver amigos e famílias ainda brigando por seus ídolos, mesmo num momento desses, onde as energias e os afetos deveriam ser resguardados, pois precisamos de todos.
              Admiro as pessoas que ficam fazendo cursos de tudo quanto é coisa pela internet, ou seguindo as aulas de ginástica até suar. Determinadas a não deixar a peteca cair mesmo. Também quem se fechou a sete chaves e não sai, nem recebe ninguém em casa até o perigo passar. E já faz quatro meses, sem data para terminar. Um ano de suas vidas perdido, como o ano escolar de milhares de estudantes.
             Um vírus democrático que não escolhe raça, nem situação econômica, nem mesmo idade. Facilitou, pegou. A consequência é que ainda surpreende os médicos, pois cada organismo luta com as armas que tem e às vezes gente extremamente idosa se salva, enquanto jovens saudáveis não resistem.
            A pergunta que poucos se fazem e menos ainda respondem é: - você tem medo de morrer?
             Nessa quarentena cada um fez o que teve vontade, quase sem rotina e completamente sem motivação. Os que fizeram diferente é que foram exceção.
             Ninguém estava preparado, nem mesmo a ciência. E agora começamos a cansar, passou aquele estranhamento inicial e a rotina se tornou monótona, sem perspectiva.
             Bem-aventurados os que estão achando lindo assistir filmes e shows no drive-in, os que se distraem sozinhos em casa, os que lidam bem com a saudade dos familiares e amigos, os que não reclamam de ver sonhos planos e desfeitos e, sobretudo, os que acreditam realmente que TUDO VAI PASSAR!





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