quinta-feira, 28 de abril de 2011

SER ALEGRETENSE É...

           Em primeiro lugar, ser alegretense é pensar em se definir como tal, fato que raramente ocorreria em qualquer outra naturalidade.
          É mais ou menos como ser gaúcho. Não basta ter nascido no Rio Grande do Sul, tem que se sentir gaúcho.
          Com os alegretenses ocorre a mesma coisa. Creio que existem alegretenses que, por uma razão espacial ou temporal, vieram ao mundo em outros sítios, mas a alminha correu pra terrinha assim que abriu os olhos. Já outros, mesmo chegados  pra vida na Santa Casa de Caridade ou no Hospital São José, possuem aquele espírito desenraizado, que se adapta a tudo e que poderia ter nascido até fora do Brasil que daria no mesmo.
           Por conseguinte, ser alegretense ultrapassa a questão do lugar onde sua mãe o pariu. É muito mais do que isso!
          É se lembrar de todos os amigos, colegas, vizinhos e se afogar em abraços e beijos cada vez que reencontra algum pelas estradas da vida.
         É entrar em transe ouvindo o "Canto alegretense" em qualquer parte do planeta.
         É ser colorado ou gremista. E só.
        É saber que sua cidade é recordista em CTGs e em escolas de ballet, com os dois lados na mesma moeda, a chula e a sapatilha de ponta enroladas na mesma bandeira.
        É só aceitar críticas à cidade vindas de seus conterrâneos, rechaçando qualquer outra originada além das suas fronteiras.
        É dizer com galhardia que sua cidade tem o maior município do estado.
        É ficar inchado de orgulho com o sucesso dos conterrâneos, batendo no peito e dizendo: - Este (ou esta) é lá da minha cidade!
        É saber que Uruguaiana é maior, mas que Alegrete é melhor.
        É tomar mate na praça, é cumprimentar todo mundo que passa, é não economizar sorrisos e morrer de saudades da terra em cada viagem que faça, comparando tudo com o que há em Alegrete e, é claro, achando que a prata da casa é sempre melhor.
        Ser alegretense, enfim, é também usar a internet para se reencontrar, é verter saudade no teclado do computador, sorrir sozinho ao rever os amigos nas fotos, ficar louco para marcar um encontro no Quiosque e falar todos ao mesmo tempo, num misto de emoção, saudade e queixa, como a dizer: - Como fomos capazes de ir embora?
        Mesmo realizados, mesmo adaptados, mesmo bem instalados em outra querência, quando reencontramos nossa gente o sentimento é um só: somos alegretenses, esta é a nossa nação primeira e, ainda que desgarrados, haveremos de, como os potros, virar nossa cabeça  para o pago no momento de morrer.
         Salve gurizada!



10 comentários:

Ivana Lucena disse...

Adoro essa coisa de saudosismo, de valorização das lembranças e dos lugares da nossa infância. É muito saudável mantermos a nossa raiz. Também gosto de escrever as minhas recordações de vez em quando, sobre os lugares minha infãncia nos interiores desse meu nordeste.
Estou sentido sua falta no meu Blog. Dê-me a honra da sua visita e de seus comentários, por favor.
Um grande abraço, minha querida.

Maria Luiza Vargas Ramos disse...

Amiga querida, leitora e comentarista de primeira: assim que conseguir me organizar para visitar os blogs especiais, o seu será o primeiro. Me aguarde! beijos.

Lino Tavares disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Lino Tavares disse...

Não sou nativo do Alegrete, mas plantei duas sementes no ventre sagrado de uma alegretense, que resultaram em duas árvores frondosas: o cienasta Dimitre Lucho e o músico pós Graduado Diásper Lucho. Ambos com direito a estufar o peito e dizer: "Sou natural do Alegrete, tchê !"
Portanto, se não era, agora sou Filho do Alegrete, ainda que adotivo.Mesmo sem o Diploma de Cidadão Alegretense, aquele que tantos, de outras plagas, já receberam gratuitamente em nossa colenda Câmara Muncicipal.
Excelente texto, Maria Luiza. Você é rara e está à altura de seus mais destacados conterrêneos de todos os tempos.
Bj no coração
Lino Tavares

5 de maio de 2011 17:12

Francisco Carlos D'Andrea (francari) disse...

Eu hoje me sentí mais alegretense que nunca, lendo seu texto: maravilhoso! (ou quem sabe fosse melhor grafar MARAVILHOOOOSOOO!!!)

Marília Cechella disse...

Parabéns pela telúrica inspiração, Maria Luiza. Com esse texto acertaste na veia de todos nós ! Vou imitar o Francisco e dizer: MARAVILHOOOOSOOO!!!

Maria Luiza Vargas Ramos disse...

Meus queridos, muito obrigada pelas lindas palavras!
Ivana, Lino, Francari e Marília - vocês conseguiram me arrepiar! E olha que hoje em dia isso já não me acontece com tanta frequência...rs..
beijos, muitos! E não deixem de passar por aqui!

derli baltasar castagna paim disse...

Para quem, como eu, morou em Alegrete por mais de quatro anos, tendo antes, entre idas e vindas, estado presente na cidade, por mais de cinco anos, seu relato é perfeito: ser alegretense é tudo isso e mais um pouco. Até hoje, minhas filhas lembram de nossos passeios na praça, junto ao Quiosque, tradicional em Alegrete, bem como, a amizade que conseguimos na cidade, não obstante não termos nenhum parente aí residindo. Todas as nossas relações de amizades, se deram com pessoas genuinamente alegretenses. Costumo dizer sempre, que o alegretense é reconhecido em qualquer parte do mundo, pela maneira envolvente com que faz amizade com outras pessoas oriundas de cidades distantes, do estado ou de outro estado da federação. Excelente seu texto. Abrçs. DPaim

BETHO NUNES disse...

Hoje estou em outra parte do Rio Grande, mas não posso esquecer minhas raízes, sou cuiudo do Alegrete, com muito orgulho, neto da Dona Rosalina Quevedo "Vó Rosa", (parteira de um monte de alegretense) e do Coronel Hermínio Martins "Vô Naco", me criei lá pelas bandas da Vila Nova, comendo carne de borrego, tomando banho no Ibirapuitã, indo tomar a benção do Maíca, meu padrinho e da Dona Ema, minha madrinha, não posso esquecer o Bahia, negão de fé! Um beijo pra ti guria!

Giselda disse...

Porque não podemos compartilhar este texto de autoria da Maria Luiza Vargas Ramos?