Assistindo um programa de canto para pessoas com mais de sessenta anos, podemos nos deliciar com boa música, afinação, repertório de qualidade e muito capricho nas apresentações. Alguns dos candidatos foram cantores na sua juventude, outros estão tardiamente realizando o sonho de uma vida toda, que é o de cantar num palco.
Não tem como não se emocionar com aquelas rugas de expressão, corpos menos ágeis e uma paixão no olhar. Como deve ser prazeroso realizar um sonho antigo!
Geralmente, costumamos desistir dos sonhos quando sentimos que o tempo passou e que já não somos os mesmos. É uma pena. Porque os sonhos continuam lá, cristalizados naquele momento em que foram concebidos, à espera de uma oportunidade de realizá-los.
Nos últimos tempos, quantos sonhos devem ter sido engavetados por conta dessa pandemia! Aquela viagem planejada por tanto tempo, o curso novo, a aula de dança, a reunião de amigos, a festa de aniversário, enfim, tudo adiado para uma data indefinida, uma vez que não sabemos aonde tudo isso que estamos vivendo vai nos levar.
A verdade é que não estávamos preparados para sermos engolidos por esse vírus. No momento, nossos esforços se concentram na sobrevivência. Quando tudo isso passar – tem que passar um dia! – é que faremos o balanço das perdas, em todos os sentidos, principalmente das perdas humanas, irreparáveis e também dos sonhos, que foram sufocados pelas máscaras e afogados em álcool gel.
Uma geração de crianças e adolescentes foi marcada pela falta da escola, dos amigos, da liberdade, da esperança e certamente estas cicatrizes ficarão para sempre.
Os avós deixaram de usufruir da companhia dos netos numa etapa da vida em que cada momento é importante.
Os pais se preocuparam com o futuro da família, dos empregos e das prestações assumidas antes da crise.
Oxalá ninguém tenha desistido de sonhar com tudo aquilo que fazia parte do seu imaginário antes dessa catástrofe. Porque são os sonhos que colorem a vida e motivam a luta diária.
Os Governantes erraram muito, os médicos e cientistas também e continuam errando, porque é tudo desconhecido, arrasador e temos muita pressa. Imagino que todos queiram acertar, que todos desejem um país próspero e seguro, todavia, caiu em suas mãos a responsabilidade da condução do povo por um caminho mais seguro, menos arriscado, com menos pessoas ficando para trás.
Depois que tudo isso passar – e há de passar! – quando todos estiverem vacinados e cumprindo finalmente os protocolos de distanciamento e higienização, será hora de retomar os sonhos e voltar a colorir a vida.
Nunca será tarde, porque os sonhos não envelhecem!
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