Como cronista, escrevo sobre assuntos da atualidade. Infelizmente, nossa atualidade é a mesma há um ano – vivemos uma pandemia cruel, que tem deixado um rastro de sofrimento e sequelas nas pessoas, na economia e na educação do país e do mundo.
Hoje me reporto preferencialmente à educação, área que conheço bem. A pandemia acentuou a disparidade entre as escolas e os alunos. Só os professores praticamente se igualaram na luta para se adaptarem, em tempo recorde, a um tipo de aula para a qual nunca foram preparados. De um dia para o outro precisaram se reinventar, adaptar suas casas e seu material didático, criar novas formas de ensinar e avaliar.
Já os alunos tiveram as mais diferentes reações. Uns gostaram, outros detestaram, alguns conseguiram acompanhar, outros desistiram diante das dificuldades, houve ainda quem aproveitasse para dormir durante as aulas sem ligar a câmera do computador, mais uma parte que nem computador tinha e cansou de lutar no celular dos pais com uma internet quase inexistente, enfim, as diferenças sociais se evidenciaram, sem falar na falta que fez a merenda para muitos pequenos estômagos famintos e nos abusos e maus tratos que tantas crianças sofreram ficando em casa o dia todo com adultos irresponsáveis.
Agora, é tudo on-line! Como se todos os brasileirinhos tivessem computadores, telefones celulares próprios e uma potente internet. E os pais que não entendem nada de informática? Pois é, ninguém tem culpa dessa pandemia e da necessidade de privilegiar a vida, principalmente dos mais velhos. Só que não dá para fazer de conta que todos os alunos conseguiram superar um ano sem escola com o aprendizado pelo computador e em casa.
Até o ENEM foi afetado! Grandes abstenções, provas on-line em computadores lentos, enfim, assim como para a economia, o ano de 2020 foi um fracasso para a educação.
Soube de uma menina muito esforçada que perdeu a matrícula numa Escola de ponta, depois de ter sido sorteada, porque fez um “X” numa opção incorreta na matrícula on-line. Como o site era do Governo Federal, disseram que não havia maneiras de corrigir. Os sites das Secretarias de Educação recebem os pedidos de matrícula do estado inteiro, vivem caindo e ficando fora do ar e assim os estudantes vão perdendo a vaga e os pais chorando na porta das escolas porque não têm internet em casa, nem impressora para imprimir todos os papeis necessários.
Lembrei da minha mãe, trinta e cinco anos Secretária do IEOA e que fazia a matrícula de todos aqueles alunos à mão, no grande hall de entrada do colégio. Eu ajudei muitos anos, desde muito menina, logo que entrava em férias, para não ficar fazendo artes em casa ela me levava com ela e eu passava as tardes conferindo documentos e preenchendo fichas de matrícula. Ali era possível tirar dúvidas, fazer acertos, corrigir os enganos. Hoje não mais, porque ninguém “fala” com um computador e ele só aceita o que está 100% correto do jeito para o qual foi programado.
Quando a gente pensa que já viu tudo, sempre surge uma novidade – educação on-line!
Pois eu continuo preferindo livros físicos e aulas presenciais!
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