domingo, 17 de janeiro de 2021

MUNDOS DESIGUAIS

 

 

                        Somos todos humanos, porém pertencemos a realidades diferentes, até mesmo dentro do mesmo país, estado ou cidade.

                       Numa pandemia, certamente essa desigualdade só tenderia a se acentuar. E é isso mesmo que está ocorrendo. Não me refiro à desigualdade sócio econômica ou cultural apenas, essas existem e já estamos fartos de saber e presenciar. Refiro-me à desigualdade de postura, de habitação, de cumprimento das regras, de responsabilidade, de sensibilidade.

                      Comecemos pelo confinamento, tão necessário, amenizado agora para “distanciamento social”.

                      Imaginemos quem se “confinou” numa estância, numa chácara, num sítio, cercado de verde, de ar puro, de animais, sem sequer a necessidade de ficar usando as máscaras asfixiantes e se encharcando de natureza. Para esses, o confinamento deve ter sido bem mais leve e seguro.

                      Alguns ficaram isolados numa praia, como todo o mar à disposição, areia e sol à vontade, bronzeado e saúde nas caminhadas diárias. Não deve ter sido tão penoso!

                      Quem ficou quietinho na sua casa, uma casa ampla com quintal e jardim, cheia de possibilidades de plantar e colher e o sol inundando tudo e enchendo as pessoas da tão necessária vitamina D. Fácil, né?

                      Prédios com piscina, academia, brinquedoteca, solário e diabo a quatro também ampliam os horizontes e diminuem a sensação de isolamento.

                       Agora, quem precisou ficar encerrado em apartamentos, alguns minúsculos, outros com nesgas de sol pouco tempo por dia, vendo a vida apenas pela janela, estes merecem uma medalha!

                       Da mesma forma, existem pessoas que saem de casa normalmente, como se a pandemia já tivesse passado. Colocam uma máscara fininha na cara (quando colocam) e vão fazer o que tiverem vontade. Outros, só saem esporadicamente, para necessidades reais e voltam correndo para casa cumprindo todos os protocolos. E outros nem saem.

                      Existem pessoas que procuram se informar, se solidarizam com os doentes e as famílias que sofreram perdas e redobram os cuidados. Há também os que preferem não saber de nada e fingir que está tudo bem, tudo normal.

                       Alguns possuem planos e sonhos e desejam poder realizá-los. Outros não têm amor à vida, por isso não temem a morte.

                       Alguns acreditam em reencarnação. Outros em ressurreição. Outros em nada.

                       Há quem confie apenas na Ciência. E quem confie apenas nos líderes políticos. E ainda outros que não confiam em ninguém.

                      Passaram todas as estações do ano e nada mudou. O verão está no auge e o único alívio para a maioria das pessoas é o ar condicionado e a água fria do chuveiro.

                     Sempre achei que “cada macaco no seu galho” seria o ideal. A Globalização, sob muitos aspectos, é nefasta. Só serve para importar problemas e doenças alheias e transformar crises nacionais em mundiais!

                      A essa altura, os livros já foram lidos, as gavetas arrumadas, as receitas experimentadas, o testamento feito. Agora basta!

                        Que venha a vacina! Que retorne a liberdade! Não dá para viver assim indefinidamente!

 


 

 

 

 

 

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