Mais uma década começando e a humanidade ainda trôpega, assustada, sem saber bem o que esperar, lutando para se manter viva e adiando sonhos e planos.
No início do século XX a pandemia de Gripe Espanhola dizimou populações inteiras e causou medo e pânico no mundo. Agora, um século depois, quando a Ciência galgou patamares muito avançados e a medicina bate recordes de curas e tratamentos, outro vírus chega para provar que continuamos frágeis e, pior, desunidos.
Um vírus do qual nem mesmo os médicos conhecem muito e que, quando é identificado, se modifica, sofre mutações para continuar nos ameaçando. Um vírus que em alguns bate forte, fragiliza e até mata e em outros pega leve, com poucas sequelas. Gente jovem e saudável que passa mal, gente idosa que resiste, crianças que morrem, doentes crônicos que sobrevivem, ninguém sabe bem como as coisas acontecem. Imaginam que seja por conta do sistema imunológico de cada um, mas nada é certo. Também sobram disputas acerca de alguns medicamentos que alguns proclamam como salvadores e em alguns doentes não surtem o menor efeito. Médicos dando depoimentos antagônicos nas redes sociais, leigos espalhando absurdos. Enfim, a cura é quase uma loteria. Bom mesmo é não se infectar.
Cerca de cinquenta países já começaram a vacinar seus grupos de risco em todo mundo. Infelizmente, por falta de logística e planejamento, nosso país ainda não tem doses nem seringas para vacinar seus idosos e os profissionais da Saúde, pelo menos. Somos o segundo ou terceiro país com mais casos e mais mortes no planeta, mesmo assim, nem uma única vacina foi aplicada aqui até agora. As clínicas particulares resolveram tomar a dianteira, uma vez que o poder público anda a passos de tartaruga. Sem falar nos que fazem o desserviço de assustar as pessoas, inventando riscos, efeitos colaterais e toda sorte de entraves para adiar ainda mais o fim da pandemia por aqui. Como se já não bastasse a falta de exemplo e orientação do poder público, ainda o povo menos esclarecido precisa sofrer com as Fake News!
Pois bem, primeiro foram as aglomerações do período eleitoral, que fizeram com que o mapa do Brasil ficasse todo em vermelho, num risco gravíssimo, tão logo terminou o pleito. Agora, para o setor turístico não sofrer, as festas de final de ano foram liberadas, com hotéis e praias lotadas e muita vista grossa por parte das autoridades. Quem pagará a conta?!
Os idosos e os profissionais da Saúde!
Será que aqueles jovens bebendo e se aglomerando sem máscara moram sozinhos, pagam suas contas, vivem com autonomia? Ou voltaram para casa contaminados, certos de que resistiriam e foram contaminar os mais velhos que estavam recolhidos? Uma mulher jovem gritava numa festa: “- É só me entubar! ”. E todos riam. Depois, aparecem nos noticiários chorando por não poderem se despedir do pai, da mãe, dos avós, ou na porta dos hospitais clamando por um leito de UTI para eles.
Tenho certeza de que, se essa pandemia ameaçasse principalmente os mais jovens, os mais velhos fariam quarentena reforçada a fim de não colocar os mais novos em risco.
Por que a recíproca não é verdadeira?
Por que os jovens insistem em fazer festas e se aglomerar?
Será irresponsabilidade?
Ou desamor?!
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