sexta-feira, 18 de setembro de 2020

O NOVO NORMAL

 

                          Ainda não é hora de se falar em “normal”. Talvez o normal, como o entendíamos até bem pouco tempo, nunca mais volte. O mundo sofreu um abalo ainda incalculável por um novo e avassalador coronavírus, com consequências que a comunidade médica e científica ainda nem sabe ao certo quais serão. Talvez nossos netos, lá adiante, possam explicar melhor, a partir dos ensinamentos de seus professores, sobre o que foi essa Covid-19 e que reflexos ela deixou na humanidade.

                        Depois de seis meses de medo e confinamento, finalmente o Brasil acena para uma possibilidade de decréscimo na curva de infecção e mortes. Isso tem bastado para muita gente, jovens em sua maioria, relaxarem os cuidados e voltarem a lotar locais públicos e a se aglomerar. Oxalá a gente não venha a pagar um preço muito alto por essa irresponsabilidade!

                        Economia estagnada, os preços dos alimentos subindo vertiginosamente (porque empatia só existe entre os pobres), vacinas patinando nos testes e sem oferecer garantia alguma e as escolas dando sinais de que irão mesmo reabrir e assumir o risco de infectar professores, alunos e as famílias dos alunos. As eleições municipais sairão de qualquer jeito, porque a política não pode parar.

                        Três palavras são usadas com frequência: “se” os riscos diminuírem; “quando” a vacina chegar e estou morrendo de “saudade” dos filhos, dos netos e dos amigos.

                         No “novo normal” a gente não vê mais a boca, nem o sorriso das pessoas, sempre cobertas por máscaras. Os encontros presenciais agora são feitos pelo computador ou pelo celular e as tais “lives” enjoam a gente, pelo excesso.

                         Os filmes e telenovelas terão que ser gravados sem abraços, sem beijos e isso parece uma coisa surreal. Os gêneros terão que circular apenas entre o drama de ação e as comédias, fugindo totalmente ao que o telespectador de novelas espera encontrar.

                         Quando perderemos o medo de chegar perto das pessoas? Quando voltaremos a abraçar e beijar sem receio? Quando as mulheres poderão voltar a usar seus batons? Quando poderemos lotar plateias de cinema, teatro, shows?

                       Tem muita gente cansada, muita gente triste, muita gente deprimida com essa situação que se estendeu demais em nossos país e ainda não se pode dizer que passou. Por termos um país de dimensões continentais, quando uma região melhora, a outra piora e assim o platô se manteve muito mais tempo que no resto do mundo.

                        Melhor não aspirar a uma “normalidade”, pelo menos não por enquanto. Mesmo com a vacina vão continuar surgindo casos da doença, como a gripe que também se mantém ativa mesmo com campanhas anuais de vacinação. A diferença está na periculosidade desse coronavírus e no estrago que ele pode causar em vários órgãos, inclusive no cérebro das pessoas infectadas.

                         Infelizmente, isso tudo surgiu na nossa vez de andar no mundo. Não temos controle sobre nada. Nosso papel é de fazermos a nossa parte seguindo as recomendações de prevenção e cuidados e torcer para que a ciência cumpra seu papel de forma cada vez melhor e mais eficiente.

                         Este será o nosso novo normal.


 

Um comentário:

doradornes@gmail.com disse...

Adorei...infelizmente isso não vai acabar tão cedo. Parabéns pelo texto.bjs