sábado, 29 de agosto de 2020

SE EU PUDESSE...

 

                    Dizem que, com o passar dos anos, os sonhos vão diminuindo e nos damos conta de que a maioria deles nem é concretizável.

                    Nada impede, no entanto, que ainda tenhamos alguns desejos e que acreditemos piamente que, se pudéssemos realizá-los, isso nos faria muito mais plenos e felizes.

                   Por exemplo, eu gostaria que, ao invés do Inglês, o Português fosse a língua mais falada no mundo, para que fôssemos entendidos em todos os países sem precisar apelar para a mímica ou frequentar cursos de língua estrangeira.

                 Quem me dera ter ainda preparo físico e flexibilidade para correr ladeira acima, subir escadarias saltitando e carregar crianças e pacotes sem cansar!

                 Queria voltar a andar de salto alto e dançar com sapatos de salto fininho sempre bem equilibrada.

                 Seria muito bom galopar a cavalo pelos campos, nadar nos rios, jogar vôlei na areia da praia e correr de bicicleta por aí.

                 Gostaria de ser bem rica para ter uma casa grande, com peças amplas e pé direito alto, com jardim, quintal e muitas árvores frutíferas, como a minha casa da infância. Uma lareira enorme igualzinha a que deixamos lá e onde eu acrescentaria uma piscina e uma bela vista para o mar e as montanhas.

                  Não vou citar aqueles sonhos de toda pessoa consciente, que é de arrumar o mundo, consertar as injustiças, promover o bem comum.

                  Não, esses sonhos são só meus, de uma cabeça presa em casa há cinco meses e que já não encontra mais o que fazer ou pensar para passar o tempo.

                 Agora, além desses devaneios, o que eu queria mesmo era não ter medo de adoecer, de ver algum familiar infectado, de perder algum amigo, de não ver meus netos crescerem, de deixar tanta coisa pela metade, de não poder mais encontrar meus amigos todas as manhãs nas redes sociais, de não colocar minhas netas no colo, de não acarinhar minha mãe, de não abraçar o Paulo, de não afagar meus filhos, de não viajar mais, de não voltar a sorrir. Disso tudo tenho muito medo e queria não ter.

                Se eu pudesse... mais do que voltar a ser magra, lépida e graciosa, eu queria fazer planos, marcar datas, mostrar o rosto sem máscara, ir ao cinema, encontrar os amigos, visitar meu filho que mora do outro lado do mundo e pensar que tudo isso não tinha passado de um terrível pesadelo e que a vida iria voltar a ser o que sempre foi, com coisas boas e outras nem tanto, mas muito mais normal.

                 Viver sem medo, cuidar normalmente da saúde, abraçar, sorrir, dormir, ter sonhos bons... será pedir demais?!

                Que tudo isso passe logo! Que esse vírus suma da face da terra! Já fomos suficientemente castigados e muitos estão ficando pelo caminho. Basta!

                 Os bons e justos já aprenderam a lição e vão cuidar melhor do planeta e uns dos outros.

                 Os maus continuarão sendo maus, porque nada os ensina.

                  Agora, bem que podiam deixar de comer aqueles animais peçonhentos. Não é possível que tragam algum benefício ao ser humano. Tanta terra no mundo. Vão plantar e colher!

                  Eu queria começar esse ano de novo, fazendo tudo o que costumamos fazer num ano inteiro e sem essa pandemia!

                 Se eu pudesse...


 

 

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