terça-feira, 4 de outubro de 2016

COSTUREIRA



                       Fazendo palavras cruzadas escrevi “organdi”, como tecido transparente e meu pensamento voou...
                       Hoje compro minhas roupas prontas, mas não foi sempre assim. Desde bem pequena frequentei costureiras e assim foi até casar. Até me mudar de cidade e não conhecer ninguém que costurasse bem.
                      Como única neta da minha vaidosa avó materna, vivia enfeitada, com chapéus, babados e tecidos desconfortáveis... e lindos! Contam que a lavadeira da família fazia uma exposição dos meus vestidos no varal da sua casa quando os levava para lavar. E quem os criava e costurava era a dona Mozinha.
                      Depois veio a dona Hercília e ainda adolescente eu vivia folheando os Burda, Manequim e outras revistas de modelos de roupas. Os vestidos de festa eram feitos pela dona Odete Torcelli. E quase não nos era permitido repetir roupas nos grandes eventos.
Com 15 anos escolhi um brocado prateado e fui à Santa Maria comprar os adereços para a roupa da minha festa.
                     Para o debut fui a Porto Alegre, na Casa das Sedas, trazer o tecido e o modelo desenhado especialmente para mim. Era um vestido de organdi suíço, pesado de pedrarias, bordado magistralmente pela Cloé Rios.
                     Apenas três anos depois voltei à capital, na mesma loja famosa, para trazer o desenho e o tecido do meu vestido de noiva.
                     Eram sedas, brocados, organdis, organzas, broderis, veludos, cetins... e tantas provas que o compromisso com a costureira costumava ser mais frequente que as visitas ao dentista. Aperta aqui, ajusta, solta, franze, plissa... enfim, a roupa tinha que ter um caimento perfeito, os botões eram levados para forrar e às vezes o sapato também tinha que ser forrado do mesmo tecido do vestido.
                     Hoje, o máximo que nos oferecem nas lojas é encurtar a bainha ou outra ínfimo ajuste. Os tecidos são sintéticos, misturados, lavados na máquina. E as mulheres vivem de calças compridas, inverno e verão.
                     Bem diferente de tudo o que usamos um dia.
                     E eu que ainda queria ter vivido no tempo dos vestidos compridos, com espartilho e muitas anáguas...




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