domingo, 26 de outubro de 2014

GREGOS E TROIANOS




          O escritor precisa tomar partido? Precisa deixar clara sua posição? Deve levar sempre o leitor em conta? Ou não?
         Escrevemos para sermos lidos, isso é ponto pacífico. Agora, se formos imaginar cada um dos leitores que conhecemos, iremos tentar adequar nosso texto às tendências de cada um e o resultado será, no mínimo, um balaio de gatos despersonalizado.
         Digo isso porque já vivi esta situação inúmeras vezes. O mesmo texto que agrada sobremaneira algumas pessoas irrita ou decepciona outras, não tem jeito.
          Há pouco tempo, dois textos me garantiram alguns dias de fama, de elogios, de reconhecimento. Um deles ganhou destaque no mural de um hospital da cidade (O Poder do Caranguejo) e o outro quase me lançou candidata à Presidente (Organograma da Maracutaia).
          Em contrapartida, ao tentar fugir do lugar comum que lança as mulheres como vítimas, mártires, santas no dia dedicado a elas, não fui bem compreendida e até vista como preconceituosa. Faz parte.
         O que as pessoas devem entender é que, mesmo sob disfarces literários, o escritor tem suas convicções, suas opiniões, sua maneira de ver as coisas. E que isso permeia sua obra, ainda que não de forma linear, mas como pontos em alto relevo que se sobressaem.
         É claro que temos altos e baixos, que nem sempre acertamos a mão e que alguns textos saem melhor do que os outros. Agora, quando geram discussão, ou até mesmo polêmica, é porque têm valor, uma vez que a pior reação possível é sempre a da indiferença.
         Escrevo publicamente há mais de quarenta anos. Penso que já adquiri suporte para não me perder nos elogios, nem me deprimir com as críticas.
         Por isso, continuo escrevendo para os gregos e também para os troianos. 






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