Escolhi, aleatoriamente, um CD para
ouvir no carro enquanto dirigia e acabei colocando um da Jovem Guarda que não
ouvia há muito tempo. Matei a saudade da voz do Jerry Adriani, do Wanderley
Cardoso, do Ronnie Von, da Martinha, da Wanderléa, da Rosemary e por aí afora.
O que me chamou mais atenção, todavia, foi a letra das músicas. Como eu podia
chorar de emoção e saudade na adolescência ouvindo “aquilo”? E chorava...
“Querida,
quero lhe dizer que toda a minha vida entreguei a você...”.
“A
mesma praça, o mesmo banco, as mesmas flores, o mesmo jardim...”.
“Se
há ciúme é porque existe amor...”.
“Era
um garoto que como eu amava os Beatles e os Rolling Stones...”.
É... as letras são pobres, a música
também, mas com que emoção a gente ouvia, cantava junto e dançava esse
repertório!
Depois da Jovem Guarda veio a MPB
(maravilhosa!), num outro patamar e está aí até hoje. Vinícius, Chico Buarque,
Tom Jobim, João Gilberto, Toquinho, Francis Hime e tantos outros embalaram
nossa juventude e embalamos nossos filhos com eles.
Hoje, pouco se fala de amor.
Com exceção dos sertanejos, o amor
ficou fora das canções e, quiçá, dos corações da juventude.
Sinto-me jurássica dizendo isso, mas
como declarar amor a alguém com esses batidões eletrônicos? Como rolar um
sentimento nas baladas? Acho que a música ajudou bastante esse sistema de
“ficar”. Só dá pra ficar mesmo, porque nem conversar eles conseguem.
Sei que cada geração tem sua música,
seus costumes, seus gostos e é normal que seja assim.
Pareço meu pai falando, mas, agora, ir
a uma festa pra se rebolar apenas com música eletrônica ou numa coreografia
amoral, será que vale a pena a produção? Será que ainda existe uma expectativa?
Será?
Hoje, mais do que nunca, as músicas da
Jovem Guarda são rotuladas de bregas. Aliás, pouca gente as conhece, ainda que,
vez por outra, sejam regravadas com outros arranjos e caiam no gosto popular,
como aconteceu com “Gatinha Manhosa”, por exemplo.
O problema maior nem é a breguice das
músicas, mas a tendência em considerar brega o maior sentimento do ser humano –
o Amor.
“Meu
bem, já não precisa falar comigo dengosa assim...”.
“Eu
te amo, eu te amo, eu te amo!”
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