Não
sei se gostaria de me eternizar... tenho medo de cansar, de ficar com vontade
de sumir e não poder.
De
qualquer maneira, já plantei muitas coisas (que às vezes vingaram), já
escrevi dez livros, participei de vários e também tive três filhos. Segundo a
sabedoria popular, já tenho meio caminho andado para a eternidade.
Ontem,
preparando mais um dos meus famosos almoços domingueiros, pus-me a pensar
(novidade!). Já fiz tantas coisas na vida, mas os maiores elogios são sempre
para a minha comida.
Minha
avó cozinhava divinamente (aprendi com ela) e, até hoje, é quase sempre de seus
quitutes que lembramos primeiro. E ela tinha tantas habilidades!
Já
não danço ballet (obviamente), toco piano lá de vez em quando, só canto na
Igreja (nunca mais dei canja nos bares), nem danço mais, aposentei-me das
aulas, enfim, além de escrever, a única coisa das minhas
especialidades que continuo fazendo é cozinhar.
Meu
filho mais novo queria que eu escrevesse um livro de receitas, ao invés de
crônicas.
Será
que, depois de estudar tanto, de me aprimorar em tantas coisas, serei lembrada
apenas como boa cozinheira?
Especializei-me em bebês, depois de criar os filhos e cuidar dos netos.
E
como será que eu queria ser lembrada?
Sabe,
aquelas frases famosas: “Minha mãe isso... Minha avó aquilo..."?
Acho que serei sempre lembrada como "a vovó". Ou por alguém que lia e escrevia o tempo todo. Ou por essa mania que os escritores têm de viverem reclusos.
E
você? Vai querer se eternizar como? Quando falarem de você, do que será que vão
lembrar primeiro?
Pense.
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