terça-feira, 4 de agosto de 2015

MEU PAI




              Faz quinze anos que meu pai morreu, entretanto, ele continua muito vivo em mim, nas minhas lembranças, na minha saudade, nos meus valores e no meu jeito de ser.
Lá na nossa casa de Alegrete, eu me sinto ainda mais perto dele. Seja nas fotos da parede, na velha máquina onde comecei a escrever e criei tantas histórias, no bureau de boa madeira, quase da minha idade e tão sólido, com a cadeira giratória – alvo de brincadeiras e xingamentos, também nas tantas medalhas e comendas, nas roupas, enfim, é como se ele estivesse conosco para sempre.
Gosto muito de arrumar gavetas, organizar papéis e, neste afã, volta e meia garimpo preciosidades. Inúmeras vezes me deliciei nos guardados de meu pai, que era organizado como eu  e sempre encontro alguma coisa que havia passado despercebida.
Encontrei certa vez um primor de conto gauchesco escrito por ele, no tempo da inauguração da estátua do Negrinho do Pastoreio, feita por Vasco Prado, lá no Parque Rui Ramos. O título do conto é “O Susto do Deoclécio” e há também um subtítulo: “Episódio Regional”. Muito espirituoso e bem escrito. Teria adorado comentá-lo com ele.  
Nos recortes arquivados de jornais encontrei detalhes do enterro do meu avô, onde até Brizola compareceu. E também as saudações que fiz, ainda muito pequena, ao Secretário e ao Ministro da Educação, em nome da cidade e do IEOA.
Fotos dos meus filhos, bilhetinhos apaixonados da minha mãe, cartões dos filhos e netos, enfim, meu pai sempre valorizou muito as relações afetivas. E, também nisso, sempre fui sua fã incondicional.
Hoje, depois de quinze anos de ausência, guardo intactas as lembranças de toda uma vida e o sinto muito presente entre nós, porque um homem como o seu Ramos é eterno, sem dúvida.        

                

Um comentário:

Ana Luiza disse...

Saudades de um tempo que sempre será eterno em nossas lembranças. A única maneira de lembrar é remexet nosso baú de memórias.