Faz quinze anos que meu pai morreu, entretanto, ele continua muito vivo em mim, nas minhas
lembranças, na minha saudade, nos meus valores e no meu jeito de ser.
Lá na nossa casa de Alegrete,
eu me sinto ainda mais perto dele. Seja nas fotos da parede, na velha máquina onde
comecei a escrever e criei tantas histórias, no bureau de boa madeira, quase da minha idade e tão sólido, com a
cadeira giratória – alvo de brincadeiras e xingamentos, também nas tantas medalhas e comendas,
nas roupas, enfim, é como se ele estivesse conosco para sempre.
Gosto muito de arrumar gavetas,
organizar papéis e, neste afã, volta e meia garimpo preciosidades. Inúmeras
vezes me deliciei nos guardados de meu pai, que era organizado como eu e sempre encontro alguma coisa que havia passado
despercebida.
Encontrei certa vez um primor de conto gauchesco
escrito por ele, no tempo da inauguração da estátua do Negrinho do Pastoreio,
feita por Vasco Prado, lá no Parque Rui Ramos. O título do conto é “O Susto do
Deoclécio” e há também um subtítulo: “Episódio Regional”. Muito espirituoso e
bem escrito. Teria adorado comentá-lo com ele.
Nos recortes arquivados de jornais
encontrei detalhes do enterro do meu avô, onde até Brizola compareceu. E também
as saudações que fiz, ainda muito pequena, ao Secretário e ao Ministro da
Educação, em nome da cidade e do IEOA.
Fotos dos meus filhos, bilhetinhos
apaixonados da minha mãe, cartões dos filhos e netos, enfim, meu pai sempre
valorizou muito as relações afetivas. E, também nisso, sempre fui sua fã
incondicional.
Hoje, depois de quinze anos de ausência,
guardo intactas as lembranças de toda uma vida e o sinto muito presente entre
nós, porque um homem como o seu Ramos é eterno, sem dúvida.
Um comentário:
Saudades de um tempo que sempre será eterno em nossas lembranças. A única maneira de lembrar é remexet nosso baú de memórias.
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