Um conceito anterior ao real
conhecimento do caso, da pessoa ou da situação. Aqueles casos em que já vamos
“preparados” para (contra) atacar, julgando antecipadamente que seremos
atingidos; ou ainda rotulando pessoas, generalizando, sem chances de análise
mais acurada.
Penso, por exemplo, que o preconceito
racial existe sim no Brasil e é muito mal disfarçado. Existe em relação aos
orientais, mas é facilmente detectado em relação aos negros. Ainda que sejamos
todos miscigenados, com cabelos crespos, lábios grossos e bunda grande, fazemos
o esforço constante do branqueamento,
inclusive casando com arianos para clarear a prole. No Sul e Sudeste do país,
para onde vieram os imigrantes italianos, alemães e do leste europeu, com
cabelos lisos e dourados, pele alva e olhos claros, esse preconceito é ainda
mais arraigado.
Conheço famílias de origem italiana,
no oeste de Santa Catarina, que até pouco tempo proibiam os filhos de brincar
“com esses brasileiros”.
Quem não ouviu (à boca pequena)
adjetivos pejorativos relacionados às protagonistas negras das novelas?
O pré-conceito em relação à posição
social também é muito forte. Ninguém perdoou o fato do ex-presidente do Brasil
ter vindo de uma família de retirantes da seca do Nordeste e depois metalúrgico,
além da Primeira Dama ter desempenhado a função de babá na juventude. Até
porque aqui as babás não têm o charme das baby-sitters
americanas, aqui são empregadas domésticas mesmo.
Quanto à homofobia, execrável como
qualquer preconceito, pode ser menos traumática e covarde se considerarmos que
a homossexualidade, ou o fato de assumi-la, pode ser uma opção, ao contrário de
se nascer negro ou muito pobre. Sabemos que a mudança de classe social é uma
exceção por aqui e que ninguém (ou bem poucos) enriquece trabalhando.
Percebe-se, portanto, um discurso
pronto e demagógico do brasileiro, propagando-se livre de preconceitos, etc. Só
se for no Norte e no Nordeste, porque, por aqui, é só da boca pra fora.
No fundo, há um ranço colonialista
latente na nossa formação.
Acha que não?
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