Amo o Japão, embora ainda nunca tenha
ido até lá. Já li tanto sobre a cultura deles, tantos romances, depoimentos,
histórias que é como se os conhecesse.
Admiro
o comportamento, a disciplina, o olhar, os cabelos, o detalhismo, a discrição,
a resignação, a determinação dos japoneses.
Não gosto dos guerreiros, desses tenho medo.
Tsunami é uma palavra japonesa, terremoto
também poderia ser. E eles aprendem a conviver com ambas e com toda a destruição
que delas advém.
Duas
bombas atômicas dizimaram este povo de olhos puxados e passo miúdo. Hoje a
terra tremeu como nunca e o mar resolveu desafiá-los, enquanto o vazamento
das usinas nucleares se encarregava do resto. Tempos muito difíceis, sem
dúvida!
Penso nos belos quimonos das gueixas, nos origamis caprichados, nas cerejeiras
majestosas, nos velhos respeitados sobremaneira nas famílias e na sociedade e
me encolho de piedade.
Por
outro lado, todos nós, ocidentais, temos a certeza de que o Japão logo estará
refeito, reconstruído de forma primorosa, sem se queixar, sem fazer escândalo
ou gritaria, naquele jeito "formiga" de trabalhar dia e noite, mesmo
se alimentando apenas de um bolo de arroz.
Será
que um dia todas as ilhas desaparecerão?
Será
que o mar pretende retomar tudo o que lhe foi surrupiado?
Nesse caso, penso que voltarei ao meu Alegrete, pois naquelas coxilhas não
se corre o risco de terremotos ou tsunamis, apesar da seca e dos raios.
Agora, as tais usinas nucleares sempre me pareceram brinquedos perigosos que
não podem ficar nas mãos de crianças desajeitadas ou inexperientes. Não é o
caso do Japão, mas pode ser o do Brasil.
Já
pensou se acontece aqui, onde a duplicação de uma rodovia demora mais de uma
década?
E
a colônia japonesa segue plantando, colhendo, enxugando disfarçadamente as
lágrimas e rezando pelos parentes que lá ficaram.
Um povo admirável!
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