Prefácio:
Quantas mulheres há em Maria Luiza?
Quantas mulheres há em Maria Luiza?
Infindas!
As que conhecemos, as
que gostaríamos de conhecer e as que sequer imaginaríamos que pudessem existir.
Quando nos deparamos
com elas, entranhadas em seus textos, nós, seus leitores fiéis, usufruímos de
momentos que nos conduzem para desfrutar de horizontes que os nossos olhos
jamais, por si sós, conseguiriam vislumbrar.
De frente a eles já
me vi vertendo lágrimas, constrito em profundas reflexões, rindo profusamente
e, em seus contos sensuais, deleitando-me com o toque suave de mãos lascivas
convidando-me às sensações adultas que esta inesgotável criadora expõe em
palavras harmonizadas com maestria, sensações essas que costumamos dissimular
diante dos olhares alheios.
Maria Luiza tem o
poder próprio dos que escrevem não apenas porque gostam. Ela o faz porque
precisa, para dar vazão ao seu mundo interno questionador, observador e
sequioso por compartilhar descobertas e inquietações. E é assim que ela,
expurgando-se nas tintas que delineia em páginas virgens, coloca dentro de cada
palavra, escolhida com a mais aguda precisão, seus sentimentos que vão desde os
mais diáfanos, espirituais aos mais telúricos, carnais.
Há momentos em que
percebemos - claramente - como a escritora passa a ser, para as mentes
masculinas que a leem, uma imprescindível intérprete do mundo feminino.
Nesses "contos
de mulher", enquanto elas se riem ao tomarem contato de forma mais
profunda com suas próprias trivialidades, aguçadas pela perspicácia da
escritora, nós, homens, ficamos estupefatos com a inusitada revelação para o
nosso "mundo testosterônico".
Estou certo de que os
olhos que sobrevoarem os contos desta “poeta das crônicas”, se aninharão no
aconchego de uma gramática perfeita, própria das mentes que cultivam, com
competência em suas inteligências, a "Última flor do Lácio".
É assim que esta pedagoga, com formação
universitária em Letras, ganhadora de incontáveis concursos de literatura, se
apresenta nas páginas deste livro. Em cada linha sempre com o intuito de
compartilhar generosamente com os leitores as observações que faz de forma
acurada, penetrante, densa e paradoxalmente leve, da realidade humana.
Seres comuns como a
maioria de nós, ocupados com as rotinas das labutas, por não se deterem para
retirar de cada vivência as lições que cada uma delas proporciona, teremos
muito a aprender com suas narrativas.
Isto porque uma vez trazidas às nossas consciências as alternativas dos
enredos da vida que sua percepção destaca de forma exuberante, proporcionarão passos
evolutivos importantes para as nossas essências individuais.
Em síntese, Maria
Luiza propicia que enxerguemos, na medida em que tateamos em seus contos as
sutilezas de suas imagens, cinzeladas com a maestria de uma escultora de
letras, detalhes do dia-a-dia que nos passariam despercebidos. Ensina-nos como
escancará-los em suas mínimas e profundas nuances com a fluência de frases
naturais, profusas e agradáveis, similar ao músico virtuoso que cria obras
primas com a agilidade dos que detém a leveza do saber.
Recomendo a quem
tiver a incomensurável sorte de ter contato com sua escritura, que evite
compará-la com grandes nomes de nossa literatura, da mesma forma que eu fiz,
quando a coloquei lado a lado com Nelson Rodrigues, Artur da Távora, Raquel de Queiroz,
Clarice Lispector, Arnaldo Jabor, Cecília Meireles, Lya Luft, etc.
O melhor mesmo será
se preparar para o contato com uma inteligência original, profícua, generosa,
cristalina como um brilhante do mais alto quilate, a refletir em suas
incontáveis faces enredos agradáveis, inusitados, surpreendentes.
Desta forma é que os
conclamo a chamá-la no plural, afinal, para quem traz dentro de si tantas
psicologias, nada melhor que ser chamada de "Marias" Luiza, uma
estrela que, assim como a Estrela Vênus o faz, passará a brilhar com luzes
inesperadas na constelação dos grandes escritores brasileiros.
LUIZ
BARBOZA NETO
Médico
oftalmologista, músico, poeta e escritor.
ORELHA:
Pieguice... final feliz... romances açucarados...
contos de fadas ...
“e viveram felizes”... obviedades...
lugares comuns...
Se são esses os temas que o ilustre leitor busca, não
será nesta obra que irá encontrá-los…
A festejada escritora Maria Luiza emprega neste
trabalho todo o vigor de seu realismo cru e às vezes cruel...
Sem meias palavras ou eufemismos, disseca, vira do
avesso e expõe, sem dó nem piedade, as fraquezas de seus personagens, que aqui,
na sua imaginária vida real, desempenham os mais variados papéis, de mocinhos e
de bandidos.
Com uma linguagem enérgica, apurada e refinada, embora
direta e objetiva, com estilo próprio, Maria Luiza consegue prender até o ponto
final a atenção de quem a lê.
É uma obra de fazer o leitor perder o fôlego, não
dando qualquer oportunidade de um bocejo sequer.
Milton J. Pantaleão
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