quinta-feira, 14 de julho de 2016

Prefácio e Orelha do DECIFRA-ME (2013).



Prefácio:

               Quantas mulheres há em Maria Luiza?

Infindas!

As que conhecemos, as que gostaríamos de conhecer e as que sequer imaginaríamos que pudessem existir.

Quando nos deparamos com elas, entranhadas em seus textos, nós, seus leitores fiéis, usufruímos de momentos que nos conduzem para desfrutar de horizontes que os nossos olhos jamais, por si sós, conseguiriam vislumbrar.

De frente a eles já me vi vertendo lágrimas, constrito em profundas reflexões, rindo profusamente e, em seus contos sensuais, deleitando-me com o toque suave de mãos lascivas convidando-me às sensações adultas que esta inesgotável criadora expõe em palavras harmonizadas com maestria, sensações essas que costumamos dissimular diante dos olhares alheios.

Maria Luiza tem o poder próprio dos que escrevem não apenas porque gostam. Ela o faz porque precisa, para dar vazão ao seu mundo interno questionador, observador e sequioso por compartilhar descobertas e inquietações. E é assim que ela, expurgando-se nas tintas que delineia em páginas virgens, coloca dentro de cada palavra, escolhida com a mais aguda precisão, seus sentimentos que vão desde os mais diáfanos, espirituais aos mais telúricos, carnais.

Há momentos em que percebemos - claramente - como a escritora passa a ser, para as mentes masculinas que a leem, uma imprescindível intérprete do mundo feminino.

Nesses "contos de mulher", enquanto elas se riem ao tomarem contato de forma mais profunda com suas próprias trivialidades, aguçadas pela perspicácia da escritora, nós, homens, ficamos estupefatos com a inusitada revelação para o nosso "mundo testosterônico".

Estou certo de que os olhos que sobrevoarem os contos desta “poeta das crônicas”, se aninharão no aconchego de uma gramática perfeita, própria das mentes que cultivam, com competência em suas inteligências, a "Última flor do Lácio".

 É assim que esta pedagoga, com formação universitária em Letras, ganhadora de incontáveis concursos de literatura, se apresenta nas páginas deste livro. Em cada linha sempre com o intuito de compartilhar generosamente com os leitores as observações que faz de forma acurada, penetrante, densa e paradoxalmente leve, da realidade humana.

Seres comuns como a maioria de nós, ocupados com as rotinas das labutas, por não se deterem para retirar de cada vivência as lições que cada uma delas proporciona, teremos muito a aprender com suas narrativas.  Isto porque uma vez trazidas às nossas consciências as alternativas dos enredos da vida que sua percepção destaca de forma exuberante, proporcionarão passos evolutivos importantes para as nossas essências individuais.

Em síntese, Maria Luiza propicia que enxerguemos, na medida em que tateamos em seus contos as sutilezas de suas imagens, cinzeladas com a maestria de uma escultora de letras, detalhes do dia-a-dia que nos passariam despercebidos. Ensina-nos como escancará-los em suas mínimas e profundas nuances com a fluência de frases naturais, profusas e agradáveis, similar ao músico virtuoso que cria obras primas com a agilidade dos que detém a leveza do saber.

Recomendo a quem tiver a incomensurável sorte de ter contato com sua escritura, que evite compará-la com grandes nomes de nossa literatura, da mesma forma que eu fiz, quando a coloquei lado a lado com Nelson Rodrigues, Artur da Távora, Raquel de Queiroz, Clarice Lispector, Arnaldo Jabor, Cecília Meireles, Lya Luft, etc.

O melhor mesmo será se preparar para o contato com uma inteligência original, profícua, generosa, cristalina como um brilhante do mais alto quilate, a refletir em suas incontáveis faces enredos agradáveis, inusitados, surpreendentes.

Desta forma é que os conclamo a chamá-la no plural, afinal, para quem traz dentro de si tantas psicologias, nada melhor que ser chamada de "Marias" Luiza, uma estrela que, assim como a Estrela Vênus o faz, passará a brilhar com luzes inesperadas na constelação dos grandes escritores brasileiros.



LUIZ BARBOZA NETO

Médico oftalmologista, músico, poeta e escritor.



ORELHA:

Pieguice... final feliz... romances açucarados... contos de fadas ...

“e viveram felizes”... obviedades...
lugares comuns...
Se são esses os temas que o ilustre leitor busca, não será nesta obra que irá encontrá-los…
A festejada escritora Maria Luiza emprega neste trabalho todo o vigor de seu realismo cru e às vezes cruel...
Sem meias palavras ou eufemismos, disseca, vira do avesso e expõe, sem dó nem piedade, as fraquezas de seus personagens, que aqui, na sua imaginária vida real, desempenham os mais variados papéis, de mocinhos e de bandidos.
Com uma linguagem enérgica, apurada e refinada, embora direta e objetiva, com estilo próprio, Maria Luiza consegue prender até o ponto final a atenção de quem a lê.
É uma obra de fazer o leitor perder o fôlego, não dando qualquer oportunidade de um bocejo sequer.


Milton J. Pantaleão



 



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