sexta-feira, 6 de maio de 2016

MÃE DE CORAÇÃO



                      Ao contrário de tantas mães “por acaso”, cuja inconsequência gerou uma criança, existem aquelas mães que precisam de um filho para lhes completar, para preencher sua vida, para extravasar seu carinho. Como nem sempre a natureza é sábia, ou talvez porque seja mesmo, muitas vezes essas mães não conseguem engravidar, ou não conseguem levar uma gravidez até o final e são destinadas a abrigar as crianças oriundas de relações sexuais intempestivas e irresponsáveis.
                      Muitos casais desejam tanto um filho que se inscrevem em longas listas de adoção, passam por incontáveis testes, cursos e entrevistas, precisando demonstrar que serão pais responsáveis para aquela criança destinada a eles. Oxalá todos os pais tivessem que se provarem habilitados antes de poderem trazer uma criança ao mundo!
                     Pais que engravidam no coração preparam com todo amor o quarto, o enxoval de uma criança que não conhecem, que não terá seus traços físicos, da qual não escolheram sequer o sexo e que, muitas vezes, ainda tem necessidades especiais. São pais ultra conscientes e “desejosos” do filho acima de qualquer outra coisa. São pais que querem muito ser pais!
                     Dizia uma mãe adotiva que, quando recebeu o telefonema do abrigo avisando que seu filho chegara, foi como se naquele momento tivesse rompido sua bolsa e ela entrasse em trabalho de parto. Com o coração encharcado de amor e olhos molhados ela segurou no colo a sua menininha, da qual recém descobrira o sexo e sentiu, pela primeira vez na vida, que estava completa.
                   Adoção é filiação. E o vínculo afetivo é maior do que qualquer vínculo biológico.
                   Não basta ter os mesmos genes para amar e ser amado. O amor se constrói, o que passa pela genética são os traços físicos, de personalidade, talentos, etc., que, uma vez não desenvolvidos, nunca passarão de traços mesmo.
                   A paternidade e, principalmente, a maternidade é construída a partir da disponibilidade para “ouvir” seu filho, para a consciência de que educar é um ato complexo e constante e que filho é prioridade e não complemento na vida dos pais.
                  Hoje quero parabenizar as “mães de coração”, aquelas que, por esses (des) caminhos da vida acolheram as crianças que procuravam ser acolhidas depois de um abandono.
                 Um cumprimento especial àquelas que se dispõem a amar e cuidar de crianças doentes, com deficiências, entregues à própria sorte como se fossem um eletro doméstico com defeito. Essas são mães de verdade! Que Deus as proteja!




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