Nunca se soube de
um povo em que todos pensassem da mesma forma sobre tudo. Mesmo
nos fundamentalistas, nos regimes autoritários, nos fanáticos religiosos,
sempre há os que destoam, ou tem outro modo de pensar. Ainda bem.
Quem sabe por isso costuma-se dizer que "os opostos se atraem", o que
no fundo é uma tremenda bobagem, todavia remete ao tédio que seria uma relação
de iguais.
Em
todos os setores da vida é importante que existam idéias diferentes, uma
vez que da discussão é que nasce o aperfeiçoamento. E o que seria preto se
todos gostassem só do vermelho?
Pois eu lhes digo que estamos vivendo uma "lei da mordaça" muito mal
disfarçada, onde as pessoas têm medo de manifestar sua opinião e serem taxadas
imediatamente de preconceituosas, homofóbicas, terroristas, comunistas,
burguesas e por aí vai.
Ninguém
mais diz o que pensa e parece que, mais do que nunca, as paredes têm ouvidos.
Eu sou do tempo, por exemplo, em que as preferências sexuais constituíam
segredos de alcova, que só interessavam ao(s) próprio(s) envolvido(s). Hoje,
amparadas por lei, essas preferências devem onerar ainda mais o Estado,
pródigo em pensões, aposentadorias e heranças. E ninguém diz nada, nem à boca
pequena comentam o que quer que seja por medo dos rótulos e das retaliações.
Parece que hoje os perseguidos somos nós, aqueles fósseis jurássicos que ainda
tem idéias próprias e gostariam de discuti-las abertamente na sociedade. No
entanto, quem diz o que pensa corre o risco de ser imediatamente crucificado,
pois há uma só opinião politicamente correta e passível de aceitação. Se
discordar, guarde sua discordância para si!
Nesse pé em que as coisas estão, o jornalismo e a literatura têm os dias
contados, uma vez que não sobrevivem sem liberdade de expressão e escrever
apenas o que a maioria, a classe dominante ou os políticos desejam ler seria
absolutamente insuportável para quem tiver o mínimo de talento e opinião.
E
agora me digam: escrever amordaçado, cheio de censura e intolerância, que graça tem?!
Nenhum comentário:
Postar um comentário