Dia
desses, sempre com mais tempo do que coisas para fazer, andei passeando por
alguns perfis dessas vitrines da net, onde as pessoas andam em busca de seus
pares. Não pude deixar de balançar a cabeça, com um sorrisinho incrédulo no canto
da boca. Então aquela pessoa "tão especial", tão maravilhosa, precisa
se oferecer, assim como num balcão de açougue, ressaltando (e mentindo) suas
qualidades para tentar içar alguém, que mente igual e esconde da mesma forma os
defeitos que o (a) fizeram quedar-se sozinho (a) pela vida?!
Achei mais
deprimente por se tratar de pessoas com cabelos brancos (ou pintados), tentando
seu melhor sorriso, fazendo pose, tudo isso para conquistar quem? Um
desconhecido, uma desconhecida, cheios de defeitos mal disfarçados, com
uma história de vida totalmente diferente, parentes problemáticos sob o tapete,
vícios inconfessados, cultura e valores questionáveis e ainda sem a proteção da
juventude, da beleza física, dos hormônios. Achei triste...
Sei
que os casamentos "virtuais" estão na moda, até mesmo porque as
pessoas passam mais tempo na frente do computador do que nos salões de baile e
eu sou a pessoa menos indicada para contestá-los, uma vez que conheci meu
segundo marido numa sala de bate papo da internet. Agora, que é difícil
conviver com quem não conhecemos no dia-a-dia, com quem não é nada dos nossos
filhos, com quem desconhece nossas tradições e os valores de nossa família, ah
disso não resta dúvida. Por isso, penso que esse modismo não vai ter vida longa
e as separações serão ainda mais freqüentes do que nos casamentos tradicionais.
Todos
nós fazemos uma "propaganda enganosa", seja para os outros, seja para
nós mesmos. Douramos nossa pílula à vontade e caímos do cavalo quando alguém
nos aponta um defeito que até já nem nos lembrávamos de ter.
Assim,
"carinhoso, compreensivo, autêntico" são alguns dos atributos mais
comuns nas tais vitrines. Carinhoso quando e com quem? Compreensivo? Será?
Autêntico? Valha-me Deus!
Se
esses pretendentes a par de alguém jurassem, pelo menos, que olhariam para
sempre suas amadas, que não deixariam de prestar-lhes atenção, de ouvi-las, de
acarinhá-las, de estar próximos de verdade (e não apenas
geograficamente) já seria uma qualidade ímpar, que dispensaria as demais.
Aliás, quanto mais leio essas coisas, mais me conscientizo de que homens e
mulheres nunca chegarão a se entender e conhecer completamente. Pois, para as
mulheres, como para o Pequeno Príncipe, o
essencial é invisível aos olhos e só se vê bem com o coração.
Um comentário:
o que tenho visto em casais que já tem um passado e filhos, etc, é um relacionamento de namoros sem grandes envolvimentos familiares. e concordo com isto. o casamento convencional, viver junto e construir um lar sólido é necessário pelos filhos. mas filhos crescidos, não tem nada a ver tentar juntar famílias (e problemas) entre duas pessoas que como bem colocaste não sabem do passado e das vivências das outras.
esta nova forma de relacionar tem dado certo pelas pessoas que conheço e são felizes. mas não é na internet que a gente vai achar, pode ser até no supermercado, as coisas devem acontecer naturalmente e sem artifícios como os que citaste. isto aí é um embuste e pensei até que não existia mais.
bom assunto para uma pauta, gostei, beijos
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