Costumo dizer que sinto, vez por
outra, uma inveja branca de
alguém, apenas para ressaltar o fato de que não é uma inveja daquele tipo
"seca pimenteira", que torce pra que o invejado caia logo do cavalo.
Não, minha inveja é mais boazinha, ela apenas inveja, tem vontade de fazer ou
ser igual, mas sem derrubar ninguém.
Ontem
à noite, assistindo ao noticiário na TV, tive mais uma crise dessa invejazinha
benigna quando vi o Lula receber o título de Doutor
Honoris Causa em Portugal.
Invejei
tudo: o fato de ter sido na Universidade de Coimbra, a entrada
triunfal por sobre a capa preta dos alunos, o doutoramento em latim, a beca, a
toga, o ritual, enfim, uma overdose de significância para quem, como eu, admira
tanto a Academia.
Não pude deixar de lembrar o sacrifício que fiz para obter meu Doutorado,
viajando todas as semanas de Florianópolis a Porto Alegre, deixando os filhos
sozinhos, trabalhando antes e depois da viagem, estudando no ônibus, dormindo
quase nada e, para coroar, enfrentando uma defesa de tese de quatro horas, com
uma banca de cinco Doutores "feras", ávidos para me derrubar (esse é
o papel deles).
Mesmo
aprovada com boas notas não tive cerimonial nenhum, sequer realizei meu sonho
de conhecer a célebre "Coimbra do Choupal", capital do amor em
Portugal.
Entenderam
a causa da minha inveja?
E
olha que nem entrei no fato do merecimento, afinal, aqui precisamos ainda fazer
uma prova de proficiência em duas línguas estrangeiras, além de todo o resto.
Parabéns
ao Lula! Mesmo sem valorizar muito os bancos escolares ele experimentou a
glória suprema para quem queima pestanas nos livros uma vida inteira!
Oh
inveja!
2 comentários:
Desculpe, amiga Maria Luiza, mas eu sou do tipo "verdade acima de tudo", "doa em quem doer". Em relação a esses títulos de "Doutor" dados ao Lula, na minha ótica eles valem menos do que um cheque sem fundo, porque este tem como fazer o depósito e torná-los expressão da verdade. Já os títulos do apedeuta são uma mentira irrecuperável, posto que não há como fazer o Lula ser o que nunca foi, com um simples estalar de dedos. Você foi muito generosa ao dizer que o Lula não frequentou muito as salas de aula. Na verdade, ele não frenquentou nada. Sempre foi um preguiçoso, vivendo às custas do Partido, que sequer teve coragem de ler um livro, prática aliás que ele declarou não gostar. Não se pode negar sua inteligência, mas ninguém nasce sabendo e, como tal, Lula poderia ter estudado - como fez o Vicentinho, seu colega da Força Sindical - só não o fazendo para vender politicamente a imagem de pobre operário injustiçado, coisa que ele nunca foi. Você, sim, é uma pessoa íntegra, uma grande mulher, uma intelectual de fato, mas, no Brasil que temos hoje, esses atributos são desprezados. Da mesma forma como o Romário dizia "para que treinar", o Lula sempre disse "para que estudar". Por isso, mesmo sem ser o "Professor Raymundo", minha nota para ele é ZERO. Grande abraço. Lino Tavares
Há poucos dias Lula recebeu a mesma titulação de 5 universidades do Rio de Janeiro, todas públicas!Elizabete
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