terça-feira, 20 de setembro de 2011

EU ESTOU LÁ!

             Uma das maravilhas tecnológicas do nosso tempo, contrabalançando tanta coisa ruim, é o fato (inédito) de eu estar aqui acompanhando o Desfile dos Gaúchos lá do meu Alegrete em tempo real, pelo monitor do computador!  Até a minha casa apareceu ao fundo, no comecinho da Mariz e Barros!
           Nesse momento, admirando essas imagens tão fortemente amalgamadas em mim, sinto, mais uma vez, que a minha alma realmente ficou lá e deve estar na sacada aplaudindo cada CTG e cada piquete.  
           Olho, embevecida, os belos cavalos, os cavaleiros bem montados, a graça das prendas, o orgulho das crianças, garbosas em seus petiços ou junto com os pais. 
           Isso é mais que folclore, é mais que tradição, é a própria essência de um povo com características próprias e diferenciadas, oriundas de sua história e da luta de seus antepassados para defender suas fronteiras e não deixar de pertencer ao Brasil. 
           Fico imaginando o que sente aquele piazito montado num enorme cavalo, com suas perninhas curtas afundadas no pelego branquinho e a mão calejada do pai arrodiando sua cintura. A segurança de hoje certamente repercutirá por sua vida afora. 
           E o peão de estância, acostumado às lides campeiras e agora desfilando garboso, bem pilchado, num cavalo arisco e fogoso sob os aplausos do povo nas ruas!
           É um desfile democrático, sem dúvida, onde o melhor cavaleiro se destacará, independente de ser o patrão, o capataz ou o peão. Agora que há competição, Comissão Julgadora e tudo, o capricho na montaria e nas pilchas deve estar redobrado.
          Quando nasci, minha família por parte de pai já tinha vendido suas terras e eu sempre fui uma "gaúcha a pé". A paixão pelos cavalos, no entanto, fazia com que eu vivesse nas estâncias dos meus amigos, montando no cavalo que tivesse.
          Nos dias de desfile, como hoje, costumava ir com meu pai ao CTG Farroupilha e lá, na hora do churrasco, aproveitava para conseguir cavalos emprestados e montava o dia inteiro. Certa vez caí em frente ao Casino, pois o cavalo era caborteiro e a buzina de um caminhão o assustou. Passei em casa para trocar a calça que rasgara no joelho e ouvi do meu pai apenas isso: Só cai quem monta!
          Agora olho embevecida o desfile da minha cidadezinha e chego a sentir o cheiro do esterco e do pêlo suado dos cavalos, do couro dos arreios, das guampas de canha.
           Sem dúvida, eu estou lá!

Nenhum comentário: