quinta-feira, 7 de abril de 2011

DESABAFO DE UMA CONDUTORA

           Já renovou sua carteira de motorista? Fez a prova ou o curso da autoescola? Eu resolvi fazer o curso, pois não gosto de ocupar espaço na minha cabeça com coisas inúteis e a maioria do que iria estudar ou já sei, ou iria esquecer no dia seguinte.
         Que arrependimento! Como pude suportar aquela semana de "aulas"?! Minha apostila ficou sem um único espaço vazio de tanto que escrevi - textos, poemas, cartas e coisas do gênero. E o tempo não passava...
         Acredito que dei azar, que peguei um mau professor, que não pode ser sempre assim.
         Pior do que estar sentada numa sala de aula às 13:30h é ter que ouvir um instrutor falar absurdos sobre política internacional, direitos dos motoqueiros e coisas assim díspares. Desse assunto ele pulava para diabetes e AIDS, como se fora especialista em medicina.
         As imagens (manjadíssimas) daqueles bonecos com e sem cinto de segurança batendo de carro numa parede, o ar condicionado nos remetendo ao Pólo Norte e a voz grossa de um gigante de pouca leitura iam dando um sono incontrolável. De repente, ele soltou a pérola: "- O importante é não haver apavoro!" E o sono foi embora.
         Num outro dia, o professor resolveu dar aula de História, dizendo que os problemas do trânsito no Brasil começaram com a colonização. Você sabia?! Daí relacionou os maus motoristas a mães que trabalham fora de casa. E adentrou, então, à área sempre fértil da Psicologia. Discorreu com autoridade sobre neuroses, psicoses, transtornos bipolares, síndrome de pânico, depressão e por aí afora. E cheio de certezas! Mergulhou então na vida intrauterina...a viagem foi tanta que o sono foi embora de vez.
         Na última aula, para fechar com chave de ouro, o monitor explanou sobre as propriedades medicinais da maconha, reposição hormonal, anabolizantes, enfim, o caráter interdisciplinar deste curso é surpreendente!
         E eu que queria apenas aprender a me defender dos malucos no trânsito e a auxiliar sem atrapalhar num acidente, creio que terei de buscar outra bibliografia. Pelo menos exercitei minha capacidade de tolerância à enésima potência e consegui ouvir sem questionar o maior conjunto de asneiras resumido numa semana.
        Justiça seja feita, as duas últimas horas de curso foram proveitosas, porque de primeiros socorros  o gigante realmente entendia.
        Estou formada! Aleluia!

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