Perdoem os caros leitores se continuo abordando temas pouco auspiciosos e preocupantes. Sou cronista, portanto privilegio os assuntos da atualidade, aquilo que está acontecendo e ocupando espaço na mídia e nas famílias.
Há dois anos quase não temos recebido nenhuma boa notícia, estamos sempre tentando nos motivar e esquecer a realidade, que continua duríssima para alguns brasileiros. Essa overdose de más notícias, aliada ao medo e à insegurança da pandemia, parece que nos deixou assim meio anestesiados para as dores do mundo.
O Afeganistão fica tão longe! Não há muito tempo jamais saberíamos o que se passa por lá. Só que hoje sabemos e, mais ainda, assistimos cenas dantescas de homens agarrados às asas de um avião e despencando do céu sobre as casas e mães desesperadas jogando seus filhos por cima de um muro com arame farpado para tentar salvá-los da tirania cruel do fanatismo talibã. Assistimos, escovamos os dentes e vamos dormir.
Ouvimos nos telejornais que existe quase 15 milhões de desempregados no país, gente que está sendo despejada de suas casas, virando moradores de rua e vivendo da solidariedade de uns poucos para não morrer de fome. Desse número, 6 milhões já desistiram de procurar emprego, até porque não tem mais dinheiro para o transporte, ainda que passem o dia caminhando e batendo de porta em porta, sem comer. São os “desalentados”. “Muitas pessoas têm que escolher entre ter um teto e comer.” (Padre Júlio Lancelotti)
Na pandemia, o setor de serviços foi um dos mais prejudicados, uma vez que as pessoas têm medo de colocar gente de fora em suas casas, sem saber se estão se cuidando adequadamente. Além disso, com as creches e escolas fechadas, quem cuida das crianças?!
Quase 72 mil pessoas, nas cinco principais e prósperas cidades de Santa Catarina vivem com renda inferior a R$ 90,00 por mês (fonte: Diário Catarinense).
E se nada tivesse fechado, ou restringido os atendimentos? Certamente chegaríamos a um milhão de famílias chorando seus mortos!
Ainda tem gente que não foi tomar a segunda dose da vacina
porque sentiu uma dorzinha no braço, porque teve um pouquinho de febre, ou
porque não acredita na proteção. Sendo que só a vacina em massa pode reabrir as
escolas com segurança, liberar os encontros familiares e as comemorações.
Por mais que a realidade dos nossos dias não seja das melhores, é justo queremos nos proteger, fugindo dos assuntos mais difíceis, no entanto, não podemos perder a empatia e a solidariedade, pois são elas que nos tornam “humanos”.
Anestesia é bom, mas passa. E a dor volta. Os remédios, então, se tornam necessários. Nesse momento, o melhor remédio é tentar ajudar quem mais precisa, repartir, ser solidário. Para que possamos redesenhar um novo normal, com menos sequelas.
Um comentário:
Gostei muito!
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