“Deus é que sabe! ” “Foi Deus quem quis assim. ”
Será mesmo que tudo que nos acontece é por vontade de Deus? Será que não temos responsabilidade sobre nossos atos?
Pois é, numa pandemia, nossa Fé e também nossas culpas ficam exacerbadas.
Rezamos muito mais, no entanto, nem todos se cuidam, se protegem, protegendo os outros também.
A pandemia de Covid abalou o planeta, principalmente nos lugares onde há uma concentração maior de pessoas, como era de se esperar. Lugares pequenos tiveram menos casos, todavia, também bem menos recursos para tratar os doentes.
Nos países ricos não faltou oxigênio, nem respiradores ou medicamentos. Quando surgiu a vacina, foram os primeiros a comprar doses suficientes para vacinar toda a população e já se preparam para aplicar uma dose de reforço em seus conterrâneos. Com isso, os empregos voltaram e a economia deles, que já era forte, voltou a crescer.
Nos países pobres muita gente morreu por falta de atendimento, de respiradores, de oxigênio, de vacinas. Por mais que a Organização Mundial da Saúde implore para que os recursos sejam distribuídos com os mais pobres, muitos lugares não contam nem com 1% da população vacinada.
O Brasil é um caso à parte. A pandemia, o oxigênio, os medicamentos, as vacinas, tudo foi politizado; ao invés de uma doença que afeta todos ser enfrentada por todos, temos uma esquerda e uma direita radicais duelando e atrapalhando os profissionais da saúde no atendimento eficaz dos pacientes.
Pois então, voltando à crise mundial de saúde, os países ricos não conseguem erradicar a doença por conta das mutações do vírus, que vão surgindo nas populações mais pobres, que não têm condições de enfrentá-lo.
Sem querer provocar uma caça às bruxas, não seria mais humano e mais eficiente distribuir vacinas para o mundo todo ao invés de ficar revacinando a Europa?
Lembrei de uma estrofe de um poema de Castro Alves que declamei muito na escola – “Vozes d’África”:
“A Europa é sempre Europa, a gloriosa! ...
A mulher deslumbrante e
caprichosa,
Rainha e cortesã.
Artista — corta o mármor de
Carrara;
Poetisa — tange os hinos de
Ferrara,
No glorioso afã! ...
Sempre a láurea lhe cabe no
litígio...
Ora uma c'roa, ora o barrete
frígio
Enflora-lhe a cerviz.
Universo após ela — doudo
amante
Segue cativo o passo delirante
Da grande meretriz.”
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