sexta-feira, 20 de julho de 2012

IMPRESSÕES DE VIAGEM – PARTE II

     É, minha viagem está chegando ao fim, minha missão foi cumprida, o convívio com meu filho superou a trabalheira e a cidadezinha já nem parece tão acanhada ou distante. Aliás, todas as cidades pequenas têm afinidades e eu me criei numa, portanto, não dá para estranhar tanto.
     As diferenças são mais folclóricas que pejorativas, acho engraçado o “caipirês” falado nas ruas e tive que rir de um bêbado enrolando a língua em caipira. É um sotaque cantado, com um erre brando mais arrastado que o do gaúcho, assim meu filho vai ter que se acostumar a ser chamado de Carrrrrlos Eduarrrrdo, por exemplo.
     As pessoas do interior são sempre solícitas, capazes de nos acompanharem até a loja sobre a qual pedimos informação. A mão de obra é baratíssima, quando paguei uma faxineira que consegui num momento crucial, ela não parava mais de agradecer, achei que ia me beijar a mão e era tão menos do que pago lá onde vivo!
     Os carros na rua, a maioria deles, parecem oriundos de um museu do automóvel. Corcel, Belina, Passat, Fiat 147, Fiat Uno, enfim, é raro passar um carro mais moderno, o povo roda nos antigos sem o desespero consumista das cidades maiores. Isso que aqui se exporta suco de laranja e se constroem aviões.
     Gosto muito de andar numa cidade que estou conhecendo. Só assim consigo sentir a cidade e me localizar melhor. Depois que coloquei a casa do filho em ordem, funcionando, fiz grandes passeios a pé, visitando praças e igrejas e descobrindo coisas. Para mudar de bairro precisava passar por uma passarela num túnel, onde o trem corria por cima o dia inteiro. Nunca tinha caminhado sob um trem em movimento e não deixa de ser um tanto assustador, mas, na minha idade, é estimulante viver experiências novas.
     Inclusive, no caminho, pouco adiante das igrejas, estranhei a quantidade de bares e hotéis bem simples, até que reparei nas moçoilas que os frequentavam à luz do dia e constatei que estava passeando pelo bairro das “primas”. Pensando bem, perto da linha do trem não seria mesmo de estranhar, mas não tive problema algum por lá.
     Tenho dois dias para aperfeiçoar meu trabalho, tirar fotos e curtir bastante o filho, que no final de semana não estará trabalhando.
     Depois, é voltar para a mãe, para os filhos e netos que moram perto, para os amigos desse nosso riquíssimo mundo virtual e retomar a rotina.
     Se eu pudesse levar este aqui comigo também...
    Bem, o jeito é torcer para que ele não estranhe muito o trabalho na nova sede, a cidade pequena e seja muito feliz aqui também.




Nenhum comentário: