Setembro amarelo – um alerta para as pessoas em relação à depressão, ao suicídio e a todos os transtornos que podem acometer os seres humanos por diversos motivos.
“Viver é muito complicado”, já dizia o personagem Riobaldo no Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa. Em tempo de pandemia, mais complicado e difícil ainda.
Se a pessoa não tem uma mente equilibrada, um bom ambiente familiar e, sobretudo, um encanto pela vida, esses tempos podem desencadear doenças psicossomáticas e todo tipo de neuroses.
Viver sem traçar planos, sem objetivos claros, sem prazo para realizar sonhos e ainda precisando conviver em um ambiente hostil, de incompreensão e desamor, tudo isso são ingredientes certeiros para um desajuste mental e muita infelicidade. Some-se a isso ainda o medo de adoecer, o medo de ver seus queridos adoecerem e o cenário estará mais do que propício à depressão e a conflitos difíceis de resolver.
Quem está passando melhor por essa pandemia, que pegou a todos desprevenidos e despreparados, é quem tem uma paixão, um encanto por algo que pode ser feito dentro de casa, longe de tudo e de todos, mas que lhe dê prazer. Escritores escrevendo como nunca, músicos se aprimorando, cozinheiros descobrindo e criando receitas, artesãos, pintores, jardineiros, tricoteiros, crocheteiros, costureiros, todos se dedicando ao máximo para o que sempre gostaram de fazer, mas nunca tinham tempo suficiente para se aprimorar.
Precisamos encontrar motivos para acordar todos os dias e realizar o melhor que pudermos nossas tarefas diárias, mesmo sem aquele planejamento gostoso de eventos, viagens, visitas, confraternizações. Neste ano, vamos precisar reinventar o Natal. Com menos gente, menos presentes, menos comidas e nem mesmo a Missa do Galo se poderá presenciar.
Claro que muitos desafiarão a pandemia e teimarão em se aglomerar na virada do ano, lotando as praias e as cidades turísticas. Mesmo sabendo que logo as UTIs estarão outra vez lotadas, porque o vírus continua vivo e circulando entre nós. Ainda não temos nenhuma vacina de eficiência comprovada, apesar das tantas tentativas e da dedicação máxima dos cientistas e estudiosos. Vírus sofrem mutações e são muito difíceis de neutralizar.
Lições da pandemia? Os bons alunos certamente tirarão muitas, os maus não aprendem com nada.
Enquanto estamos por aqui, fazendo o possível para não sucumbir e sobreviver, o melhor a fazer é encontrar motivos que nos encantem, que tornem a vida mais saborosa, ainda que em confinamento, e que não nos deixem perder a capacidade de sorrir e de ter esperança.
Um dia tudo isso vai passar.
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