terça-feira, 14 de janeiro de 2020

NUMA MANHÃ QUALQUER...



Quando temos menos compromissos a cabeça se dá o direito de pensar em todo tipo de problema nas horas em que deveríamos descansar. O sono é afugentado à noite e o despertar pode ser amargo se os pensamentos sombrios insistirem em nos rondar.
Tanta coisa boa para pensar e o que surge são apenas os obstáculos, as dificuldades, as tristezas, o tanto para resolver, a insatisfação, as frustrações, as impossibilidades. Não tem como permanecer na cama assim...
Sabe aquela vontade de ir para um lugar sossegado, com uma prainha privativa, pode ser de mar, de rio, de lagoa, desde que não tenha ninguém.
Não entendo como alguém pode viver sem ler... pois é nos livros que podemos encontrar as respostas para os questionamentos, as viagens que não fizemos, a cultura que não conhecemos, o mergulho no passado, a projeção do futuro, o encontro conosco, tudo!
Se hoje sou vista quase como extraterrestre diante dos livros que sempre tenho nas mãos, por que ainda escrevo? Para quem escrevo? Se o celular com suas bobagens parece sempre mais atraente?!
Como deve viver alguém que não come jamais o que gosta (porque engorda), que suporta verdadeiras torturas em busca da beleza, que coloca cabelos, cílios, unhas postiços, faz cirurgias estéticas, aplica injeções no rosto, tira selfies o dia todo e não pode ver um espelho sem parar diante dele e se examinar, namorando-se?! Será mais feliz quem vive assim? Conseguirá deter o tempo?
A mim coube acompanhar os primeiros passos e as primeiras palavras de todos os netos. Cabe a mim também acompanhar a vida da minha mãe se extinguindo, como vela acesa, bruxuleando, ora mais forte, ora fraquinha, um corpo frágil, cada vez menor, num cérebro lúcido, consciente da passagem dos anos.
Queria ter olhos grandes, acesos, robustos, com retinas perfeitas. Ao contrário, tenho olhos cada vez mais fechados, com retinas rasgadas e uma parafernália de óculos e colírios para poder continuar lendo e escrevendo.
Sou filha de aviador e nunca gostei de voar. Todos os voos que fiz foi por necessidade, por pressa, ou pela distância. Agora, para abraçar meu filho preciso ficar trinta horas nos ares, dentro de aviões. E ainda preparar um calhamaço de documentos a fim de conseguir visto para entrar no país onde ele escolheu morar. Os filhos deveriam estar sempre perto do abraço das mães, eu acho.
Minha avó dizia que devíamos ter uma segunda-feira prazerosa porque dela dependia toda a semana. A segunda mal começou, ainda não me interfonaram, oxalá não surjam problemas grandes que possam se estender pela semana.
Texto desabafo... necessário para quem conversa tão pouco.
Que o dia comece!




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