Graças ao bom Deus, já
tenho quatro netinhos lindos!
Só que recém agora
consegui ser "vovó" deles. Fui, durante muito tempo, mais mãe-vó,
vó-babá, super nanny, coisas do gênero.
Para o mais velho (já
com catorze anos), além do carinho extremo, exerci o papel de educadora. Vivia
corrigindo, ensinando, preparando para a vida, mostrando o lado melhor e mais
certo de fazer as coisas, ale, das aulas de português e das matérias de
memorização.
Para a primeira neta (agora
com nove anos) fui uma mistura de mãe e avó, pois cuidei dela dez horas por
dia, todos os dias, desde que acabou a licença-maternidade de sua mãe.
Para as duas menores sou
a vovó dos dias em que os plantões dos pais chocam o horário, ou estão
doentinhas e não vão para a escolinha. Sendo de que da maiorzinha cuidei
durante todo o primeiro ano de vida.
Reflexiva como sou, fico
conjeturando porque o papel dos avós anda assim meio misturado com o dos pais.
A resposta não é difícil de encontrar: pai e mãe trabalhando o dia todo para
conseguirem ter um padrão razoável de vida. Claro que existem as escolinhas, as
creches onde as crianças passam os dias inteiros, junto a outras crianças em
igual situação. Brincar com outras crianças é saudável e necessário, só que não
deveria ser a rotina maior do dia. Bom mesmo era ficar na sua casa, com a sua
mãe ou com uma boa empregada. Dormir na sua cama, brincar com seu cachorrinho,
lanchar o que gosta na hora que tem vontade, enfim, coisas que eram comuns a
todas as crianças e que hoje pertencem a um passado difícil de ser reeditado.
Aos avós cabia, no
máximo, supervisionar as empregadas para que tratassem bem das crianças e não
comessem o lanche delas. Tricotar, brincar um pouco durante as visitas,
cozinhar suas preferências, bater palmas nas festinhas do colégio, carregar a
carteira cheia de fotos dos netinhos para mostrar aos amigos.
Claro que todas as casas
tinham um pátio ensolarado, quintal com árvores frutíferas, jardim cheio de
flores e borboletas (raridade hoje em dia).
Nos dias atuais, as
crianças precisariam ficar o dia inteiro trancadas num apartamento cheio de
grades, assistindo programas nem sempre educativos na televisão, jogando
videogame ou no computador, com acesso irrestrito a tudo o que quisesse ver.
Nesse caso, a escola o dia inteiro ainda se torna uma melhor opção.
Os primeiros mestres -
DE TUDO - são os pais. Dos valores mais simples, como a honestidade e a
justiça, aos preceitos religiosos, cabe aos pais apresentá-los aos filhos,
moldando seu caráter e garantindo uma vida com muito mais sentido.
Infelizmente, não é isso
que se vê hoje. Os pais parecem muito mais envolvidos com o capitalismo, com os
bens, com o prazer imediato do que com a formação moral dos filhos.
Para não se incomodarem,
enchem as crianças de brinquedos descartáveis, de lanches artificiais,
refrigerantes, salgadinhos e chocolates, sem se darem ao trabalho de ensiná-los
a comer comidas saudáveis e seguirem uma rotina de sono, alimentação e lazer.
Os filhos são os donos
da casa e da rotina dos pais, exigindo (aos gritos às vezes) a satisfação de
todas as suas vontades.
Realmente, educar dá
trabalho!
Por isso, só os casais
realmente preparados e dispostos a cumprir esta verdadeira missão de pais é que
deveriam ter filhos.
Caso contrário, os avós
não poderão exercer seu verdadeiro papel, tentando suprir carências e lacunas
de uma função que não é mais sua, ou não deveria ser.
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