A raça humana é múltipla, de todas as cores, credos,
sentimentos, desejos e modos de viver. Cada um sente de um jeito e há os que
nem sentem nada além das necessidades básicas de comer, beber, dormir e, às
vezes, fazer sexo.
Há os que choram por tudo, com ou sem razão aparente e os
que não choram nunca, mesmo diante das maiores catástrofes. Os que se apiedam
do sofrimento alheio e os que não se tocam com a desgraça dos outros. Os que
recolhem animais abandonados nas ruas e os que jogam seus próprios animais como
se fossem descartáveis.
Alguns sofrem pelos outros, sentem as dores alheias, se
comovem, enquanto outros fazem piada de tudo, menosprezam, ridicularizam e
procuram sempre o viés do escárnio e do maldizer.
O sofrimento, a necessidade a uns impulsiona para o bem,
para a superação, enquanto outros se valem disso para causar sofrimento em
pessoas inocentes, vingando-se do que elas não têm culpa, ao invés de
procurarem as razões bem perto de si.
Deficientes e acidentados se tornam atletas, num esforço
gigantesco; pessoas normais matam, sequestram, maltratam, estupram, torturam,
pelo prazer de ver sofrer e subjugar quem não lhe fez mal algum. Serão todos
humanos?!
Existem pessoas, inclusive ligadas por laços de parentesco,
que raramente nos visitam e das quais poucas notícias temos. Os personagens das
novelas que assistimos estão diariamente na nossa sala, confabulando com nossos
anseios, representando nossa condição, questionando a vida e os
relacionamentos. Quando um deles, no momento o mais carismático e importante na
trama do folhetim que acompanhamos há vários meses, morre de verdade e de
repente, de uma forma totalmente inesperada, num piscar de olhos e numa mancada
inexplicável, é claro que sentimos pena, que ficamos impressionados, que nos
sentimos um pouco de luto também.
Que pena que o ator Domingos Montagner, que morreu afogado
no rio São Francisco nesta semana, partiu dessa vida sem saber que era tão
amado, tão admirado, tão importante para as artes cênicas e tão querido pelos
colegas de profissão. Imagino a alegria dele se pudesse ter ouvido as
declarações, as homenagens, os elogios, o reconhecimento por seu trabalho e por
seu caráter. Que pena que economizamos tanto nos elogios e somos tão prolixos
nas críticas!
Como sempre, estamos tendo uma overdose de homenagens e de
aparições do ator. Mas não se enganem que nosso povo tem a memória bem curta.
Infelizmente. Daqui a pouco ninguém mais fala nele, sequer se lembra de todas
essas qualidades que fizeram seu diferencial e continuam tocando sua vida à
espera de uma nova tragédia, ou de uma grande fofoca para movimentar a opinião
pública e encher os periódicos.
Triste mesmo vai ser a falta que ele vai fazer para os
filhos...
Essa sim será para sempre!
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