Não se perde o que nunca se teve. Será?
Perde sim. Quando já havia um caminho, um plano, uma doce
perspectiva para ele. Ou ela.
Hoje perdi meu quinto neto. Ou neta. Era ainda muito
pequenininho, com apenas onze semanas de existência no útero da mãe, mas não é que
a gente já aprendera a gostar dele? Ou dela?
Ainda não sabíamos quase nada sobre ele, nem mesmo se seria mais
uma linda menina, ou um meninão. Se ia se parecer com o pai, com a mãe, ou com
a irmãzinha. Se seria estudioso, calmo ou agitado, alto ou baixo, se gostaria de
música, se tocaria algum instrumento, se um dia ia querer morar fora do Brasil.
Agora, o que a gente já sabia é que seria muito amado, que sua
mãe lhe traria sempre limpo e cheiroso, que sua irmã ia morrer de ciúme de quem
se aproximasse dele e que seu pai ia lhe fazer rir muito. Sabia também que a
vovó ia embalar bastante na cadeira de balanço e que a Bisa ia aproveitar
enquanto era pequenininho para poder pegar bastante no colo.
Já se sabia que ele teria quatro primos e tios que iam mimá-lo
muito. Que teria duas avós e quatro avôs bem dedicados e que seria o xodozinho
mais novo da família, pelo menos até o tio solteiro resolver ter filhos.
Ele era muito pequeno, no entanto, já trazia consigo o DNA
das famílias e os genes que definiriam muitas coisas em sua existência.
A sensação de perda é inevitável. Para os pais, para a irmã que
estava vibrando com sua chegada e para essa avó que, enquanto não escreve, não
desata o nó do peito.
Que pena... Vamos sentir falta de falar nele. Ou nela.
Ainda bem que este dia 29 de fevereiro vai levar quatro anos
para se repetir. Ainda bem.
Um comentário:
Que pena, Maria Luiza. Sinto muito mesmo. Já passei por essa perda como avó e a tristeza foi muito grande. Um abraço cheio de carinho.
Postar um comentário