É possível ser sincero neste mundo que
se esconde por detrás da tela do monitor?
Claro
que é possível, é viável e é o que mais acontece na comunicação via internet
entre pessoas de boa índole, bom caráter, boa formação.
Não
me reporto à comunicação entre os muito jovens, porque esta é atípica, criada
dentro de um código de letras, sinais e ética próprios, ao qual nunca tive
interesse em acessar.
Falo
das pessoas que aprenderam a substituir as cartas e os telefonemas por este
contato mais barato, mais rápido e às vezes mais producente.
Estas
pessoas, quando mentem, geralmente acontece no que diz respeito à sua aparência
externa, às marcas do tempo difíceis de assumir e de escancarar logo de saída.
Fazem-se passar por mais jovens, mais elegantes, mais bem postas na vida, pelo
menos até granjear uma simpatia ou uma afeição menos superficial.
A questão é mais complexa: existem pessoas verdadeiramente lindas, jovens e
vazias, incapazes de manifestar uma ideia interessante que seja,
constituindo-se num tédio abissal.
Como
existem pessoas velhas, disformes, feias, com uma capacidade ímpar de espalhar
simpatia, sabedoria e beleza ao seu redor.
Até que ponto "mente" aquele que se faz passar por alguém de melhor
aparência, com menos idade, situação mais confortável se o que diz, ou escreve,
tem o dom de encantar seu interlocutor?
Afinal,
o que as pessoas procuram num contato virtual? Não será um alimento espiritual,
uma parceria de ideias, uma manifestação de sentimentos? Nesse caso, que
influência teria uns quilos ou umas rugas a mais, ou mesmo um saldo
bancário menor?
O
mundo "real" já possui uma escala de valores cruel, distorcida,
injusta. Será que o mundo virtual precisa acompanhar esta inversão também? Será
que até aqui só vale a "casca"?
Mas ela , mesmo para os belos, dura tão pouco...
Um comentário:
Até porque o bom bocado se faz com o conteúdo dos ovos, enquanto se jogam as cascas fora. :)
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