quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

FINAL DE TEMPORADA




Para suportar melhor todas as notícias pouco alvissareiras do nosso país, a volta das greves, o protesto dos caminhoneiros desabastecendo o mercado, as denúncias de corrupção pipocando por todo lado, o aumento do salário e mordomias dos políticos, enquanto professores e funcionários públicos continuam mendigando alguns reais de acréscimo, o aumento do apetite voraz do leão do Imposto de Renda e o estarrecimento com todas as notícias, já esperadas, mas amargas para o bolso do trabalhador; pra suportar tudo isso só mesmo voltando ao mar, à natureza e aos elementos vitais que nos abastecem de energia para enfrentar as intempéries. E foi o que eu fiz. Uma última semana de praia, ao lado do meu companheiro, dos meus livros, do computador, com tempo para caminhar, inventar novos pratos, organizar a casa, tem sido benéfica.
Bem, mas o texto se refere à praia, a esse final de temporada que prenuncia o fim do verão. Embora eu já esteja aposentada, sempre acabo me envolvendo na rotina dos netos e meu tempo fica mais limitado, sujeito aos horários deles e à rotina familiar. Dessa forma, curto esses últimos dias com o sabor de final de férias, recarrego as baterias e volto cheia de ideias para os novos livros, concursos e atividades ligadas à minha paixão maior – a literatura.
O céu continua azul, o mar de águas cálidas, a areia agora com mais espaço para caminhar e abrir o guarda-sol, enfim, tempo muito gostoso para praia ainda, recebendo outro tipo de visitantes, generosamente.
Pessoas mais velhas invadem as areias e, talvez por isso mesmo, aumenta o número de leitores, ainda bem aquém do desejado. As silhuetas, pelo mesmo motivo, já não são tão bem delineadas, com os senhores e senhoras fora de forma, geralmente acima do peso e os barrigões masculinos – o top do verão – ainda mais avantajados.
As crianças são menores, aquelas que ainda não têm compromissos escolares e muitas delas acompanhadas dos avós.
Casais homoafetivos principiam a aparecer, o que geralmente acontece nessa época do ano, com a praia menos cheia e menos olhares curiosos sobre eles. Aliás, será que o termo é correto? Um casal não pressupõe uma pessoa de cada sexo? Não sei, mas o que importa é que são duas pessoas que se querem bem e andam juntas.
É um pouco melancólica essa despedida, sempre restam os finais de semana, mas não é a mesma coisa. Daqui a pouco os ventos outonais principiam, as águas de março fecham o verão e as gripes retornam. Esse verão foi de lascar! Passamos melados, suando em bicas, totalmente dependentes do ar condicionado. Gastamos fortunas em energia, esbanjamos água em inúmeros banhos diários, consumimos muita cerveja e água de coco. Agora vai chegar a vez do hemisfério Norte aliviar um pouco os casacos e se livrar da neve, enquanto nós, pelo menos os da Região Sul, aos poucos vamos nos “descozinhando” (minha mãe criou esse termo) e esperando pelas frutas do Outono e por aquele solzinho morno da (para mim) melhor estação do ano.
Por ora, deixa-me curtir da melhor forma essa última semana da temporada, sem horários rígidos, sem compromissos inadiáveis, com tempo de pensar, ler, escrever e conversar com vocês.
Espero reencontrá-los sempre, com ou sem casacos!




Um comentário:

Roselia Bezerra disse...

Olá, querida Maria Luíza
Que bom se livrar de tempo não tão agradável!!!
Que venha a nova Estação a seu favor!!!
Bjm fraternal