sábado, 25 de janeiro de 2014

VÍCIOS



Eu gostava muito de mascar chicletes na infância e meu pai detestava. Dizia que não se devia cultivar vícios.

Quando jogávamos baralho, raramente, ele também não gostava e jamais permitiu que usássemos qualquer moeda de aposta, alegando que o jogo já destruíra muitas famílias.

Infelizmente, meu pai não conseguiu evitar que eu fumasse por muitos anos, atendendo aos modismos da época e aos apelos da “turma”.

Mais tarde, perdeu um filho adorado para a maldade das drogas e o banditismo de um traficante argentino.

Tudo que nos governa é prejudicial. A cada vez que nossa razão é suplantada por uma vontade deixamos de estar no comando do nosso barco.

Quando sabemos que não deveríamos comer e comemos, estamos dominados por uma compulsão nefasta.

Se conhecemos o mal estar de uma ressaca e mesmo assim bebemos, é sinal de que nossa decisão está enfraquecida, suplantada por um prazer momentâneo.

Todas as vezes que deixamos de estar com as pessoas que amamos para nos isolarmos na rua, nos cantos, na chuva, no vento, tendo por companhia apenas um cigarro mal cheiroso, isso é um indicativo grave de que já nos tornamos dependentes e que aquele pedaço de papel, fumo e mil outras substâncias letais, já nos dominou.

As demais drogas, amplamente alardeadas, são capazes de destruir pessoas e famílias inteiras em bem pouco tempo. Levam à cadeia, ou ao cemitério, passam pela sociedade como um rolo compressor, destruindo tudo ao redor, matando gente inocente, roubando de todo mundo, enfim, uma calamidade pública, além de uma forma constante de suicídio.

O álcool e o cigarro, falsamente considerados drogas “legais”, porque encontrados com facilidade, possuem o mesmo efeito devastador das demais drogas, apenas num tempo um pouco mais longo, todavia igualmente funesto.

Existem pessoas que bebem socialmente, parcimoniosamente e jamais dirigem depois de beber.

Não existem fumantes que fumem socialmente, porque a nicotina é exigente e comanda seus escravos com braços de aço. É preciso muita força de vontade para abandonar o cigarro, muita disposição de brigar pela sua vida e seus relacionamentos, entretanto, é possível! Não é fácil, melhor jamais ter fumado, mas a gente consegue. O primeiro passo é querer de verdade.

Meu pai estava certo. Não devemos nos viciar em nada e não existe vício benigno. Tudo aquilo que se impõe ao razoável, ou que nos impele a repetir um ato mesmo quando não desejamos, é prejudicial e deve ser evitado. Porque os vícios, mesmo os mais triviais, muitas vezes nos afastam das pessoas e nos fazem pertencer a tribos específicas, nem sempre agradáveis, nem sempre positivas.

Pensem nisso e tentem ajudar seus pequenos a diversificar os gostos e a vida, ou então a formar hábitos mais saudáveis, como ler, estudar, aprender. Isso, com certeza, irá torná-los adultos mais felizes. E sem vícios.



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