Gosto
de acordar cedo e ficar olhando pela janela o prédio acordar e iniciar seu dia.
Pitty
também não dispensa os primeiros raios de sol na sacada e fica imóvel,
esticada, se energizando.
Crianças
para a escola, mulheres para a academia, casais para o trabalho, menos jovens
saindo para a caminhada, enfim, uma rotina saudável e prazerosa.
Dizem
que pensamos o tempo todo, mas eu exagero. Não posso ver uma erva daninha que
não me conduza a uma reflexão e, muitas vezes, a uma crônica.
Hoje
cedo, enquanto acompanhava o despertar do Recanto
das Pedras, refletia sobre uma assertiva que diz que "a vida
acaba para quem morre".
Não,
o homem parece inclinado a acabar com o planeta ainda com vida humana sobre
ele.
Criou
uma infinidade de coisas para facilitar
a vida das pessoas que hoje estão destruindo sua casa. O plástico foi, talvez,
a maior faca de dois gumes. Agora vivem em campanha contra, mas adoraram as
sacolinhas, as vasilhas inquebráveis e tudo o mais.
Não
se consegue imaginar a vida das mães sem as fraldas descartáveis, por exemplo.
E como encarar o fato de que um bebê, num ano, polua o planeta mais do que seus
pais, avós e bisavós em toda uma vida? Já imaginaram a quantidade de fraldas
descartáveis soltas nos lixões da Terra?
E
os absorventes? Sabem que assisti a um programa onde uma família recicla até a
água? A criança usa fraldas de pano e a mãe absorventes de pano também -
que são colocados de molho numa bacia e o sangue desprendido deles é usado para
regar as plantas da horta, cheio de nutrientes.
E
até hoje tem gente que não separa o lixo!
E
florestas são queimadas, devastadas para que alguns imbecis encham as
burras de dinheiro com a madeira contrabandeada.
Não
acredito em quem diz amar os filhos e não cuida do planeta. Não mesmo. Que amor
falso é este que desampara sua prole, que lhe deixará um mundo inviabilizado?
Quantas
pessoas você já viu portando as sacolas de pano em suas compras? Quantos
comerciantes engajaram-se na luta contra o plástico? Quantos supermercados
substituíram suas indefectíveis sacolinhas por sacos de papel resistente, como
nos países civilizados?
Agora
já se sabe que as vasilhas de plástico, usadas no micro-ondas, ou no
freezer, liberam substâncias tóxicas, cancerígenas. Então, os mais
conscientes, iniciam uma corrida de marcha ré, em direção ao vidro, esquecido
por uns tempos.
Não
dá pra ficar esperando que as autoridades
resolvam tudo por nós. Que criem leis, punições, fiscalizando o modo de vida de
cada um. Precisamos ser mais responsáveis por nossos atos, mais conscientes e
cidadãos. É claro que bons dirigentes fazem a diferença, mas, às vezes, o
comandante é bom e a tropa não presta.
Com o sol iluminando todos os recantos e as pessoas em busca de uma vida mais exposta, num contato mais íntimo com a natureza, é uma boa
hora da gente refletir sobre o nosso verdadeiro papel neste mundo. A natureza, ao
que parece, ainda não perdeu a esperança na humanidade, que a devasta sem
piedade para usufruir o máximo de comodidade, lucro e prazer.
Vejo,
no terreno baldio ao lado do prédio, flores coloridas sobressaindo sobre a erva
daninha; nem foram plantadas, mas fizeram questão de nascer e enfeitar seu
ambiente.
Podemos
ser como elas; mesmo vendo tanta coisa errada ao redor, por que não tentar
fazer certo, dar o exemplo, fazer a nossa parte? Muitos sorrisos infantis,
certamente, um dia nos agradecerão.
Bem-vinda Natureza!
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