As
pessoas vivem se queixando de falta de liberdade e, ao mesmo tempo, vivem
cerceando a liberdade alheia. Querem impor sua ideologia, seus gostos, sua
maneira de ver o mundo e as coisas que acreditam a todos os que convivem com
elas nas redes sociais. Até sobre os programas de TV há patrulheiros de
plantão, não se sabe com que intuito, ainda mais quando somos todos de uma
idade em que as influências são mínimas e já temos ideias fortemente concebidas
do que queremos, gostamos, ou o contrário.
O
impasse do momento é o programa Big Brother Brasil, que existe em vários países
e aqui está em sua décima quarta edição. É um besteirol sem fundamento, pessoas
fisicamente bonitas, com personalidades diferentes, demonstrando do que o ser
humano é capaz num confinamento extremo, apesar de muito conforto. Pronto. É
isso. Vê quem quer, quem se interessa por essas reações e para os demais já foi
há muito inventado o controle remoto e os canais por assinatura. Simples assim.
Só que não é isso que se percebe. Não basta não ver (ou espiar escondido), tem
que declarar sua aversão, arregimentar tropas contrárias, propagar o menosprezo
por quem assiste. Olha, se fosse tão ruim acho que não causaria tanta indignação...
Um
programa de TV não nos define, senão, o que diríamos de quem só vê futebol, ou
lutas, ou programas de humor, ou filmes de violência, jornais sensacionalistas
e por aí afora? Nossa bagagem cultural compõe bem mais e melhor o que somos e
os livros que lemos traçam um retrato bem mais minucioso de nós. Muitos desses
que fazem alarde contra o BBB só leem, quando muito, os classificados dos
jornais.
Não
estou defendendo o programa em si, que, como já disse, não tem a menor relevância,
o que defendo é a liberdade das pessoas assistirem o que quiserem e o fato de
que vinte minutos diários de um besteirol não fazem mal a ninguém e até ajudam
a esquecer as notícias catastróficas dos jornais.
Com
esse alvoroço todo em torno do programa, cresce, com certeza, a audiência e o
Ibope e o tiro sai pela culatra. Minha sugestão é que os livros sejam ainda
mais lidos nesse período de férias, que os filmes bons sejam assistidos, assim
como os clássicos, os balés, as orquestras e, quem quiser relaxar depois da
tensão da novela das 21h, pode espairecer assistindo aqueles jovens sarados
discutindo besteiras e mostrando as várias facetas da natureza humana em situações
pseudo-limites. E, quem preferir, pode continuar procurando canais que detalhem
as últimas bombas, os desmoronamentos, as rebeliões, as chacinas, ou a
corrupção crescente em todos os partidos políticos.
Eu
durmo melhor depois de um besteirol. Questão de gosto. Sem patrulha.
3 comentários:
Eu até acho que você está coberta de razão em se tratando de assistir quem quer e goste e os demais mude de canal. Até ai nada de novo. Eu só acho que a imensa maioria brasileira sequer tem opinião formada, ainda não sabe o que quer e é ai que a mídia passa a trucidar estas "mentes" com besteiras nada condizentes com o horário. Que faça esse programa lá por volta da meia noite onde as crianças já foram dormir.
Meu prezadíssimo leitor, concordo contigo quanto ao horário, mas a questão é , se a Globo passa alguma coisa melhor, mais séria, essa massa sem opinião muda de canal e vai ver coisas ainda piores nos outros canais. É triste, mas a realidade é esta.
Amiga,sempre temi os extremos. Se de um lado há os que se hipnotizam com o Big Brother Brasil no outro extremo há os que você classifica por "patrulheiros" para condená-los. Tão ignorante quanto os de lá, são os de cá. Embora eu não tenha escrito nada a respeito mas tenho, evidentemente, a minha opinião sobre esse tipo de programa, comparo-o com o "Panico na TV", programas totalmente infelizes, um caminho inverso para a boa educação dos nossos jovens. E, infelizmente, para os que não tem condições de pagar uma TV por assinatura, não existe muitas opções na tv brasileira.
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