segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

CONEXÃO MÁXIMA



Não vou chover no molhado renovando minha perplexidade com o fato de quase todo mundo estar vivendo num mundo à parte, que está concentrado dentro do seu celular e congêneres. Isso todo mundo já sabe.

Mesmo assim, dentro desse novo contexto comportamental, algumas coisas ainda conseguem me surpreender.

Salas de espera de clínicas médicas e odontológicas, por exemplo, onde as revistas eram disputadas, assim como uma posição estratégica diante da TV ligada, hoje está completamente diferente. Vários carregadores plugados nas tomadas e cada paciente no seu mundinho particular, desabafando, dividindo sua ansiedade, ou se distraindo com os amigos virtuais do outro lado. Pensando bem, olhar as últimas fotos, saber as fofocas, ler os desabafos da sua turma pode ajudar bastante a passar o tempo e não pensar na consulta, nos exames, no tratamento.

Por outro lado – sempre há um outro lado – os exageros se sucedem, chegando à beira do ridículo muitas vezes.

Criou-se uma dependência, no mínimo questionável, de mostrar tudo o que se faz para quem está ávido por ver e saber. De que vale ir a Miami, à Europa se não puder colocar o passo a passo para os “invejosos” verem e babarem? E aquele sorvete, aquela comida caprichada, aquela bebida diferente, nada tem sabor se não for compartilhado e o sucesso é medido através do número de curtidas.

Acho que as redes sociais têm muitos pontos positivos. Algumas pessoas vivem sós, outras se sentem sós mesmo acompanhadas e, muitas vezes, o animalzinho doméstico não consegue preencher totalmente a grande lacuna existencial. Nesses casos, uma conexão virtual com velhos amigos, ou amigos novos que nem chegou a ver pessoalmente, mas entende sua alma melhor do que muitos parentes próximos, pode ser muito benéfica.

O importante é conseguir administrar a dependência, sobreviver sem estar conectado e saborear a vida mesmo quando ela não pode ser compartilhada com toda gente.

Não pretendo criar normas, ou regras para o uso das redes sociais, mesmo porque elas são constantemente alardeadas, todavia, não custa repetir que devemos ter uma eficiente peneira na aceitação de novos amigos, que nem tudo pode ser dito ou mostrado e que o bom senso deve sempre prevalecer. Um pouco de cultura, se multiplicada, também pode ser muito benéfica.

O resto é “curtir”.
 
 

Um comentário:

Ivana Lucena disse...

Comungo com todos os seus argumentos, minha querida. Eu mesma já tratei também sobre isso. Está certíssima e o disse de forma inteligente e clara, como sempre. Um abraço. Um 2014 de muito sucesso, paz, saúde e alegrias.