Não
vou chover no molhado renovando minha perplexidade com o fato de quase todo
mundo estar vivendo num mundo à parte, que está concentrado dentro do seu
celular e congêneres. Isso todo mundo já sabe.
Mesmo
assim, dentro desse novo contexto comportamental, algumas coisas ainda
conseguem me surpreender.
Salas
de espera de clínicas médicas e odontológicas, por exemplo, onde as revistas
eram disputadas, assim como uma posição estratégica diante da TV ligada, hoje
está completamente diferente. Vários carregadores plugados nas tomadas e cada
paciente no seu mundinho particular, desabafando, dividindo sua ansiedade, ou
se distraindo com os amigos virtuais do outro lado. Pensando bem, olhar as
últimas fotos, saber as fofocas, ler os desabafos da sua turma pode ajudar
bastante a passar o tempo e não pensar na consulta, nos exames, no tratamento.
Por
outro lado – sempre há um outro lado – os exageros se sucedem, chegando à beira
do ridículo muitas vezes.
Criou-se
uma dependência, no mínimo questionável, de mostrar tudo o que se faz para quem
está ávido por ver e saber. De que vale ir a Miami, à Europa se não puder
colocar o passo a passo para os “invejosos” verem e babarem? E aquele sorvete,
aquela comida caprichada, aquela bebida diferente, nada tem sabor se não for
compartilhado e o sucesso é medido através do número de curtidas.
Acho
que as redes sociais têm muitos pontos positivos. Algumas pessoas vivem sós,
outras se sentem sós mesmo acompanhadas e, muitas vezes, o animalzinho
doméstico não consegue preencher totalmente a grande lacuna existencial. Nesses
casos, uma conexão virtual com velhos amigos, ou amigos novos que nem chegou a
ver pessoalmente, mas entende sua alma melhor do que muitos parentes próximos, pode
ser muito benéfica.
O
importante é conseguir administrar a dependência, sobreviver sem estar
conectado e saborear a vida mesmo quando ela não pode ser compartilhada com
toda gente.
Não
pretendo criar normas, ou regras para o uso das redes sociais, mesmo porque elas
são constantemente alardeadas, todavia, não custa repetir que devemos ter uma
eficiente peneira na aceitação de novos amigos, que nem tudo pode ser dito ou
mostrado e que o bom senso deve sempre prevalecer. Um pouco de cultura, se
multiplicada, também pode ser muito benéfica.
O
resto é “curtir”.
Um comentário:
Comungo com todos os seus argumentos, minha querida. Eu mesma já tratei também sobre isso. Está certíssima e o disse de forma inteligente e clara, como sempre. Um abraço. Um 2014 de muito sucesso, paz, saúde e alegrias.
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