As mulheres me
entenderão melhor, uma vez que conhecem a sensação mais de perto. Os homens
recém estão se encorajando a realizar seus exames de rotina.
Imaginem uma
sala de espera de uma clínica radiológica, várias mulheres de avental, à espera
de serem chamadas para os exames de mamografia, ultrassom, densitometria e
outros. Por mais agradável que o ambiente seja, com música, revistas novas, TV,
cafezinho, há sempre um clima de ansiedade no ar. Umas pelo medo do exame,
outras pelo medo do resultado.
É o tipo de
coisa com a qual a gente não se acostuma. Fazemos porque acreditamos na
medicina preventiva; entretanto, minha avó, por exemplo, viveu noventa e seis
anos sem jamais ter feito uma mamografia ou um exame ginecológico. Teve três
filhos, amamentou-os por mais de dois anos e só. Queixava-se apenas da vesícula,
quando comia exageradamente aquelas comidinhas “leves” do Alegrete, como mocotó,
dobradinha, fervido, linguiça, bacalhau, pastéis, galinhadas.
Minha geração já pegou o tal “check-up” anual,
ou semestral, todavia continua pouco simpatizante desses exames, não vendo a
hora de buscar um resultado todo negativo e descansar por alguns meses.
Há poucos dias,
refazendo a rotina, encontrei a plateia de sempre, folheando nervosamente as
revistas, mal disfarçando a apreensão, com exceção de uma senhora um tanto
obesa, um tanto idosa, contudo a mais falante, a mais sorridente, a mais
simpática. Advogada ainda atuante, diz a referida senhora que continuava trabalhando
e não pretendia parar, apesar de conviver com a leucemia há quinze anos e ter
tido um câncer de mama há três.
Falou que
estava extraindo os dentes feios para implantar novos e traçava mil planos para
daqui a bastante tempo. Mostrava os seios para ver como as cicatrizes eram
leves, contava que tinha feito punção na medula no dia anterior e que tinha
reservado a semana para os exames de rotina, que não eram poucos, além da
medicação.
Confesso que me
senti envergonhada, por estar tão apreensiva e tão acabrunhada pelo meu
acidente na retina.
Aquela senhora
é o exemplo vivo de que, quando não nos deixamos abater, a doença também não
nos abate.
Um comentário:
Pois é em nossa vida encontramos casos como este desta srª e mesmo assim reclamamos da vida... Deveríamos agradecer a Deus pela nossa saúde, que apesar de uma dor aqui, outra ali ainda é perfeita!
precisamos de mais exemplos como estes para nos envergonharmos.
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