quinta-feira, 26 de abril de 2012

SALA DE ESPERA


As mulheres me entenderão melhor, uma vez que conhecem a sensação mais de perto. Os homens recém estão se encorajando a realizar seus exames de rotina.
Imaginem uma sala de espera de uma clínica radiológica, várias mulheres de avental, à espera de serem chamadas para os exames de mamografia, ultrassom, densitometria e outros. Por mais agradável que o ambiente seja, com música, revistas novas, TV, cafezinho, há sempre um clima de ansiedade no ar. Umas pelo medo do exame, outras pelo medo do resultado.
É o tipo de coisa com a qual a gente não se acostuma. Fazemos porque acreditamos na medicina preventiva; entretanto, minha avó, por exemplo, viveu noventa e seis anos sem jamais ter feito uma mamografia ou um exame ginecológico. Teve três filhos, amamentou-os por mais de dois anos e só. Queixava-se apenas da vesícula, quando comia exageradamente aquelas comidinhas “leves” do Alegrete, como mocotó, dobradinha, fervido, linguiça, bacalhau, pastéis, galinhadas.
 Minha geração já pegou o tal “check-up” anual, ou semestral, todavia continua pouco simpatizante desses exames, não vendo a hora de buscar um resultado todo negativo e descansar por alguns meses.
Há poucos dias, refazendo a rotina, encontrei a plateia de sempre, folheando nervosamente as revistas, mal disfarçando a apreensão, com exceção de uma senhora um tanto obesa, um tanto idosa, contudo a mais falante, a mais sorridente, a mais simpática. Advogada ainda atuante, diz a referida senhora que continuava trabalhando e não pretendia parar, apesar de conviver com a leucemia há quinze anos e ter tido um câncer de mama há três.
Falou que estava extraindo os dentes feios para implantar novos e traçava mil planos para daqui a bastante tempo. Mostrava os seios para ver como as cicatrizes eram leves, contava que tinha feito punção na medula no dia anterior e que tinha reservado a semana para os exames de rotina, que não eram poucos, além da medicação.
Confesso que me senti envergonhada, por estar tão apreensiva e tão acabrunhada pelo meu acidente na retina.
Aquela senhora é o exemplo vivo de que, quando não nos deixamos abater, a doença também não nos abate.
Um bom exemplo a ser seguido, sem dúvida.

Um comentário:

marilene n. dias disse...

Pois é em nossa vida encontramos casos como este desta srª e mesmo assim reclamamos da vida... Deveríamos agradecer a Deus pela nossa saúde, que apesar de uma dor aqui, outra ali ainda é perfeita!
precisamos de mais exemplos como estes para nos envergonharmos.