quinta-feira, 26 de abril de 2012

O TEMPO


Sempre pensei que esta história de se queixar da rapidez do tempo fosse coisa de gente velha.
Bem, até que já estou treinando para ser uma... no entanto, percebo que mesmo os jovens e até algumas crianças acham que o tempo anda acelerado.
Ontem foi Ano Novo (lembram dos fogos?) e hoje já é quase Julho - metade do ano.
Há quem ainda esteja pagando os presentes de Natal, já passou a Páscoa, o Dia das Mães, dos namorados e daqui a pouco chega o Dia dos Pais.
Para quem acompanha este blog há mais tempo e que torceu comigo para a chegada da Bruna ser "auspiciosa", saibam que  ela já completou nove anos!
Os domingos parecem que se emendam uns aos outros, de tão próximos. Isso que estou aposentada e que preconizaram que os dias para mim seriam intermináveis e o tempo se arrastaria.
Dizem os que pensam entender que a culpa é da vida agitada, do excesso de compromissos, da correria. Será? Ou será que os planetas estão girando mais rápido ao redor do sol?
Custou tanto para chegar meus 15 anos! Depois os 20, quando eu determinei que começaria efetivamente minha vida adulta (casada e com um filho). Os 30 chegaram sem susto, com três filhos e excelente forma física. Os 40 já me assustaram um pouco, embora me considerasse no auge como mulher e como profissional. Na festa dos 50 pedi que as fotos fossem tiradas sem close, assim mais panorâmicas... Nos 60 comecei a colher os frutos de tudo o que plantei no âmbito literário.  E, se o tempo continuar nesta correria, daqui a pouco devora os anos que faltam e eu estarei fazendo 70! E agora José?! Sem plástica, sem a beleza da Vera Fischer, como será que me sentirei?
Sem demagogia, espero manter o espírito animado, aceitando as limitações físicas, aprimorando a intelectualidade, apreciando a maturidade dos filhos e o desabrochar dos netos. Quero passear de mãos dadas, ainda beijar na boca, recebendo elogios e promessas de amor eterno. Sobretudo, quero viajar! Viajar pelo mundo e pelos livros, nas asas da poesia se possível! Quero manter as amizades e fazer sempre novos amigos, pois é deles que precisamos e não de valorizar os desafetos.
O tempo passa. Muita coisa muda. Dentro e fora de nós mesmos. No entanto, quando reencontramos um grande amigo ou um grande amor, parece que ele se rebobina numa velocidade ainda mais frenética do que está correndo e somos de novo apenas aquela pessoa cristalizada na melhor fase da vida.
Nas redes sociais, quando passeio pelas fotos dos amigos de infância, da minha terra natal, da minha escola, sou imediatamente aquela menina de corpo certinho, nem magra nem gorda, de cabelos escuros e rebeldes, olhos amendoados, lábios grossos, mãos e pés pequenos, saia azul-marinho pregueada, blusa branca, gravata de bolinhas, sapatos de verniz, sempre atenta a tudo e a todos, estudiosa, pianista, a filhinha do Seu Ramos.
Esta é a melhor maneira de driblar o tempo.
E que venha o Natal!


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