domingo, 22 de agosto de 2010

O REVERSO DA FAMA

               Hoje encerra minha estada neste paraíso natural. Que pena! Só de lembrar que tenho uma construção me esperando, na janela do meu quarto, desanimo.
               Por isso resolvi escrever ainda daqui, onde tenho tantos motivos para celebrar a vida e, sobretudo, a natureza.
               Imaginem que os funcionários do hotel, das mais diversas funções, à noite se transformam em dançarinos, malabaristas, palhaços e atores, artistas enfim. Sem falar na equipe que dá plantão na boate todas as noites, tirando homens e mulheres desacompanhados para dançar.
                Ontem à noite assistimos a um show muito caprichado, quase um musical americano, coroado com um tango argentino bem dançado. Os jovens muito bem vestidos e ensaiados, quase irreconhecíveis sem o uniforme. Foram aplaudidos e ovacionados por uma platéia lotada.
                 Hoje cedo, no café da manhã, reconheci a estrela maior, por seu corpo delgado e olhos expressivos, mesmo disfarçada num uniforme escuro, com avental e touca branca.
                 Fiquei observando as pessoas que passavam por ela e nem se dignavam a cumprimentá-la, como se o uniforme e a bandeja anulassem seus graciosos e acrobáticos passos de dança.
                  Quando uma criança derrubou o pote de cereal no chão, veio logo a bailarina com a vassoura e a pá juntar tudo e nem assim foi reconhecida ou cumprimentada. E as pessoas tinham-na visto dançar na noite anterior.
                   Qual Cinderela, depois das doze badaladas o encanto desaparece.
                   Imagino que a moça não queira perder seu emprego, raro nessas bandas de cidades pequenas do interior.
                   Agora, feliz mesmo ela deve ficar quando as luzes da ribalta a iluminam e ela fica roxa pra dançar!

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