Sendo mulher, obviamente conheço de sobra as verdadeiras sessões de tortura a que nos submetemos a fim de nos sentirmos melhor e até mais bonitas. Mesmo as "normais", aquelas que fazem a manutenção regular, sem exageros, dos atributos que receberam ao nascer, mesmo essas não sobrevivem sem alguns puxões, horas de cremes e toda uma parafernália para carregar em qualquer viagenzinha.
A beleza faz bem à alma e aos olhos. Pessoas muito bonitas às vezes deveriam se manter caladas para não estragar os traços perfeitos com conversas vazias. Agora, quando o cristão ou a cristã é lindo (a) de doer e ainda brilhante, simpática(a), inteligente, aí é covardia e injustiça com os demais mortais.
Mesmo a natureza, por vezes, se torna linda demais, a ponto de nos faltarem adjetivos para descrevê-la.
Lá em termas de Jurema a natureza é exuberante e há um reduto de beleza onde acontece um fato extraordinário. Todas as tardes, por volta das 18h, como se tivessem relógio de pulso, bandos de garças brancas sobrevoam a lagoa, bebem água sempre no mesmo lugar e se acomodam em três árvores, como se fossem enfeites ali dispostos graciosamente. É um quadro de indescritível beleza aquelas três árvores totalmente pintadas de branco num fundo escuro da mata e refletidas no espelho d'água. Da janela do meu quarto podia vê-las e quem está no outro lado do hotel à tardinha se aproxima com máquinas fotográficas, lunetas, filmadoras querendo eternizar aquele quadro de rara beleza e nenhuma influência humana.
Pois bem, resolvi ver de perto aquele lugar vazio durante o dia e superlotado à noite. Aluguei um pedalinho e fui andar bem rente à lagoa. Qual não foi minha surpresa ao constatar a devastação causada pelos lindos e delicados pássaros: a ureia contida em seus excrementos está praticamente devastando parte da mata, com árvores que inclusive já tombaram, sufocadas quimicamente pelo que sobra daquela beleza toda.
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