segunda-feira, 8 de outubro de 2012

CABEÇA FEITA



Hoje eu reconheço o valor das escolas que se propõem a criar cidadãos críticos.
Muitas gerações só aprenderam nos bancos escolares a papagaiar nomes e datas, assim como os cursinhos pré-vestibulares fazem até hoje. No máximo, aprendia-se a criticar exatamente como o historiador propunha, respondendo a questões formuladas pelo próprio. E não se deve esquecer que a História anda de braços dados com a Literatura, a ficção e que os "fatos" dependem muito da visão do historiador que os relata.
Em síntese, o que se fazia era pensar com a cabeça dos outros.
Foi assim em relação à Ditadura Militar. Os professores que eram muito contrários a ela foram cassados e os que ficaram nos fizeram mastigar um discurso falso, superficial, cheio de inverdades (dos dois lados).
Eu, na época, era casada com um militar e sofri bastante discriminação na Universidade, hostilidades gratuitas, como se meu marido (que nunca nem tinha ido a Brasília) tivesse deposto João Goulart e Brizola. Passei anos ouvindo piadinhas de gosto duvidoso, atribuindo aos militares o "emburrecimento" do povo brasileiro.
Não tenho autorização e muito menos preparo para defender os militares aqui ou em qualquer lugar. Só sei o que uma (ex)esposa de oficial podia saber - que os militares nunca foram preparados para almejar o poder. No meu modesto (de verdade!) entender, a ditadura foi assim como um remédio amargo para curar uma doença, com data para deixar de tomar.
Claro que as torturas e censuras foram execráveis e sem justificativa possível!
Sempre digo que tudo tem, no mínimo, dois lados. E o lado bom da ditadura militar foi a moralização dos poderes públicos, sem roubalheira, sem corrupção, sem desvio de verbas.  Se estivessem no poder hoje em dia, diante da robalheira dominante, certamente os militares voltariam a fechar o Congresso Nacional, entre outras medidas.
Escrevi, inclusive em trabalhos acadêmicos, que, por causa da ditadura militar, muitos "gênios" tiveram que se calar, por conta da censura. O curioso é que, depois da ditadura, os tais gênios pelo visto continuaram calados...
 Os alunos dos Colégios Militares saem muito bem preparados, porque têm disciplina nas aulas e nos estudos. Que eu saiba, nenhum professor destas escolas foi ofendido ou agredido.
Leio hoje num jornal local o protesto de um homem, cuja esposa de apenas 37 anos está hospitalizada, com câncer, e sofrendo pela falta de um remédio que poderia aliviar suas dores. O SUS alega que não tem recursos para fornecer o tal remédio. Pois é, parece que no Brasil só faltam recursos para remédios, material escolar e outras necessidades básicas. Já para os apartamentos funcionais, para os cabides de emprego, para as verbas de representação, para as viagens semanais dos políticos, para as propinas, para os mensalões, para a gastança oficial (e oficiosa), para tudo isso nunca faltam recursos. Curioso.
Penso no quê os livros de história deste tempo irão registrar, sob que ótica. Dos políticos? Do povo? Dos ricos? Dos miseráveis? Dos bandidos ricos? Dos bandidos pobres? De quem?
É, fazer a cabeça de alguém é um compromisso muito sério. Melhor educar para que cada um seja capaz de tirar suas próprias conclusões.




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