Hoje
eu reconheço o valor das escolas que se propõem a criar cidadãos críticos.
Muitas
gerações só aprenderam nos bancos escolares a papagaiar nomes e datas, assim
como os cursinhos pré-vestibulares fazem até hoje. No máximo, aprendia-se
a criticar exatamente como o historiador propunha, respondendo a questões
formuladas pelo próprio. E não se deve esquecer que a História anda de braços
dados com a Literatura, a ficção e que os "fatos" dependem muito da
visão do historiador que os relata.
Em
síntese, o que se fazia era pensar com a cabeça dos outros.
Foi
assim em relação à Ditadura Militar. Os professores que eram muito contrários a ela
foram cassados e os que ficaram nos fizeram mastigar um discurso falso,
superficial, cheio de inverdades (dos dois lados).
Eu,
na época, era casada com um militar e sofri bastante discriminação na
Universidade, hostilidades gratuitas, como se meu marido (que nunca nem tinha
ido a Brasília) tivesse deposto João Goulart e Brizola. Passei anos ouvindo
piadinhas de gosto duvidoso, atribuindo aos militares o
"emburrecimento" do povo brasileiro.
Não
tenho autorização e muito menos preparo para defender os militares aqui ou em
qualquer lugar. Só sei o que uma (ex)esposa de oficial podia saber - que os
militares nunca foram preparados para almejar o poder. No meu modesto (de
verdade!) entender, a ditadura foi assim como um remédio amargo para curar uma
doença, com data para deixar de tomar.
Claro
que as torturas e censuras foram execráveis e sem justificativa possível!
Sempre
digo que tudo tem, no mínimo, dois lados. E o lado bom da ditadura militar foi
a moralização dos poderes públicos, sem roubalheira, sem corrupção, sem desvio
de verbas. Se estivessem no poder hoje em dia, diante da robalheira dominante, certamente os militares
voltariam a fechar o Congresso Nacional, entre outras medidas.
Escrevi,
inclusive em trabalhos acadêmicos, que, por causa da ditadura militar, muitos
"gênios" tiveram que se calar, por conta da censura. O curioso é que,
depois da ditadura, os tais gênios pelo visto continuaram calados...
Os
alunos dos Colégios Militares saem muito bem preparados, porque têm disciplina
nas aulas e nos estudos. Que eu saiba, nenhum professor destas escolas foi
ofendido ou agredido.
Leio
hoje num jornal local o protesto de um homem, cuja esposa de apenas 37 anos
está hospitalizada, com câncer, e sofrendo pela falta de um remédio que poderia
aliviar suas dores. O SUS alega que não tem recursos para fornecer o tal
remédio. Pois é, parece que no Brasil só faltam recursos para remédios,
material escolar e outras necessidades básicas. Já para os apartamentos
funcionais, para os cabides de emprego, para as verbas de representação, para
as viagens semanais dos políticos, para as propinas, para os mensalões, para a
gastança oficial (e oficiosa), para tudo isso nunca faltam recursos. Curioso.
Penso
no quê os livros de história deste tempo irão registrar, sob que ótica. Dos
políticos? Do povo? Dos ricos? Dos miseráveis? Dos bandidos ricos? Dos bandidos
pobres? De quem?
É,
fazer a cabeça de alguém é um compromisso muito sério. Melhor educar para que
cada um seja capaz de tirar suas próprias conclusões.
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