domingo, 27 de junho de 2010

DUPLA FACE

              Hoje amanheceu um típico domingo ilhéu. Céu azul, sem vento, sol forte convidando para um passeio à beiramar.
               Quando lembrei de tudo o que precisava fazer, tive vontade de permanecer na cama. Mas não deu. A responsabilidade que o seu Ramos marcou com ferro e fogo em mim sempre fala mais alto. E eu levantei.
                Como em todos os domingos, preciso preparar o almoço para , no mínimo, dez pessoas. Às vezes vamos ao restaurante, só que eles preferem a minha casa porque podem estender o encontro pela tarde afora, acomodar as crianças, ler os jornais, confraternizar mais à vontade, já que mal se vêem durante a semana, sempre correndo de casa para o trabalho. Além disso, a matriarca (minha mãe) adora ver todo mundo ao seu redor.
                 Nunca me considerei uma mamma , no entanto, meu coração fica apertado pela falta do caçula, que mora e trabalha longe. Queria todos eles por aqui, mesmo que a mesa ficasse um pouquinho menos espaçosa. É uma saudade que não passa, não acostuma, não tem jeito. Cada um é absolutamente insubstituível.
                 Este é o lado bom das famílias. O lado B é o cansaço, o abdicar de seus próprios desejos e programas, o envolvimento (mesmo involuntário) nos problemas deles, a bagunça na casa, a barulheira.
                 Assim como a solidão tem um lado sombrio, cantado em verso e prosa, mas também tem uma outra face. É aquela que te permite dormir a hora que quiseres, acordar quando tiveres vontade, comer o quê e onde quiseres, assistir ao programa que te der na telha, ouvir a música que estás a fim, ler o jornal até o fim sem olhar para o relógio, encontrar tudo exatamente no lugar onde deixaste, conseguir enfim respirar fundo, meditar, relaxar, comungar com o espírito e com o cosmos sem interferência alguma.
                 Como vivo dizendo, tudo tem, no mínimo, dois lados.
                 E eu vou agora para o fogão, onde os pedidos são fartos, desde a tainha assada até farofa de pinhão e grão de bico. Pobres mãos!

Um comentário:

Giovani Pires disse...

Prezada Maria Luiza,

Me permita trata-la assim. Acho que não nos conhecemos pessoalmente, mas temos a mesma marca e sinal: o Alegrete.
Soube hoje, por um amigo, que moras em Florianópolis. Eu também, desde 1992.
Além de sermos conterraneos, temos mais duas "aproximações". Meu irmão Cid foi um dos manicacas do seo Ramos, no velho Aeroclube de Alegrete.
E eu fui colega alguns anos no velho Oswaldo Aranho do querido Dadinho.
E se mais não fosse, eu também já fui cronista (um pouco de exagero, sei!) da Gazeta do Alegrete.
Um abraço.
Giovani De Lorenzi Pires