Perdoem, queridos leitores, mas hoje vou falar comigo mesma. Escrever, para mim, é uma eficaz terapia e às vezes preciso me escutar também.
Correndo de um lado para outro, cheia de horários e compromissos, quase sem tempo de fazer uma maquilagem, escolher a roupa certa ou mesmo de passar o fio dental nos dentes como deve ser, surpreendo-me com o meu pique, pois voltei a ter filhos pequenos com esta idade.
Este verão interminável também não ajuda muito. Estou, no momento, no meu quarto, com a cama repleta de pastas, papéis e calculadora, com o ar ligado para diminuir o sufoco das contas, fazendo a contabilidade da minha casa e da casa da minha mãe. Ufa!
IPTU, IPVA, Imposto de Renda, material escolar e uniformes, prestações do Natal e das férias e a Páscoa já se anunciando... que atire a primeira pedra quem não ficou um tanto sufocado. Claro que me refiro apenas aos pobres e remediados, os demais desconsiderem a provocação, por favor.
Minha mãe sempre teve fama de desorganizada. Reflito agora se não terá sido uma fama injusta, uma vez que ela foi Secretária do Instituto de Educação Oswaldo Aranha por trinta e cinco anos, num tempo sem computadores, com notas passadas a caneta nos boletins e médias feitas em calculadoras de manivela. Como meu pai era organizadíssimo, na comparação ela ficava em desvantagem. Agora, cozinhar ela não sabia mesmo. Nunca aprendeu, nunca quis aprender, diz que é apenas uma "teórica" da cozinha, daquelas que lêem a receita e ficam dando palpites - bem longe do fogão. Minha avó, sua mãe, cozinhava divinamente, quem sabe desta concorrência é que nasceu esta outra fama também.
Eu cozinho como a minha avó e sou organizada como o meu pai. E daí? Sou complicada, antisocial às vezes, gosto de ficar sozinha, detesto telefone, adoro meus filhos e poucos prazeres na vida se comparam, para mim, com ler e escrever.
Sempre em volta com os dois pequenos, quase não tenho tido tempo de rezar, nem de pensar na vida. Fico menos do que deveria e gostaria com a minha mãe. Tenho um marido angelical, pois não se queixa do tempo (pouco) que consigo lhe dedicar e ainda me entende, me ajuda, segura a minha mão.
De vez em quando, tenho ímpetos de voltar a fazer ginástica, tocar piano, dançar. Qual o quê! Só espero que o Patrão Velho lá de cima recompense meu esforço, a dedicação total a essas crianças que, por motivos distintos, dependem tanto de mim e me deixe com saúde e energia por mais algum tempo aqui embaixo, a fim de descontar o tempo em que voltei a ser mãe fazendo tudo o que gosto e do que acho falta, quando a vida deles engrenar e eu possa voltar a ser apenas a vovó dos bolinhos de chuva, das histórias, das cantorias, dos beijos e colos.
Até lá... deixa eu terminar estes balancetes logo porque, daqui a pouco, já estará na hora de buscar os pequenos no colégio.
É cansativo. É um compromisso diário, inadiável e sem possibilidade de cancelamento.
O outro lado (sempre tem) é que voltamos do colégio cantando (cada um em sua cadeirinha, bem seguros) a seleção incrível de músicas infantis que o Vô Paulo gravou.
Viu! Escrevi e já me sinto bem mais aliviada.
Ainda bem!
2 comentários:
Ufa Maria tomei um cansaço ,mas nos faz muito bem quando conseguimos colocar pra fora as cargas, que bom que te fez bem bjs e uma ótima semana querida.
Olá amiga, a vida é bem assim, tem surpresas a toda hora... Muita força pra você. Beijo grande
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